De acordo com o livro “Chico, Diálogos e
Recordações…”, escrito por Carlos Alberto Braga Costa a partir das
memórias de Arnaldo Rocha, podemos anotar algumas das reencarnações do
amigo Chico Xavier. Na tabela abaixo temos a ordem das reencarnações que
remontam ao Egito a aproximadamente 3500 anos atrás até os dias de
hoje, as páginas do livro que contém estas informações, bem como o
local, nome e data de cada reencarnação.
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Pesquisas sobre a origem histórica das especulações sobre reencarnação de espiritualistas franceses
Pelo Honorável Alexandre Aksakof, Conselheiro Imperial Russo e Cavaleiro da Ordem de Santo Stanislau.
Na expectativa da publicação da tradução
para o Inglês dos trabalhos de Allan Kardec, dos quais o volume
principal, O Livro dos Espíritos (do inglês The Spirits’ Book), já saiu,
sinto que seja meu dever expor junto ao público inglês o resultado das
minhas pesquisas no sentido da origem do dogma da Reencarnação. Quando o
“Espiritismo”, recentemente batizado com este nome e codificado em
corpo de doutrina por Kardec, começou a se espalhar na França, nada me
surpreendeu mais do que a divergência desta doutrina do
“Espiritualismo”, no tocante ao ponto da Reencarnação. Esta divergência
era mais estranha porque as fontes das afirmações contraditórias
reivindicam por serem as mesmas, a saber, o mundo dos espíritos e as
comunicações dadas pelos espíritos. Quando o Espiritismo nasceu em 1856
com a publicação de O Livro dos Espíritos (do inglês the Book of
Spirits), ficou claro que para resolver este enigma seria necessário
começar com a origem histórica deste livro. É notável que em lugar
algum, nem neste volume, ou em qualquer dos outros, deu Kardec sobre
este assunto detalhes insignificantes. E por que isto? O ponto essencial
em qualquer crítica séria é saber antes de tudo como este livro veio à
existência? Como eu não vivia em Paris, era difícil para mim obter a
informação necessária; tudo que eu podia saber era que uma certa
sonâmbula, Srta. Celina Japhet, contribuiu enormemente para o trabalho,
mas que ela já falecera há algum tempo. Durante minha estada em Paris em
1873, eu expliquei a um amigo Espiritualista meu pesar por nunca ter
encontrado esta sonâmbula em minha vida, ao que ele replicou que também
havia ouvido que ela morrera, mas que ele duvidava se o rumor era
verdadeiro; disse também que ele tinha razões para acreditar que não
passava de rumor espalhado pelos Espíritas e que seria interessante se
eu pesquisasse pessoalmente. Ele me forneceu um endereço anterior de
Madame Japhet, e qual não foi a minha surpresa e alegria ao encontrá-la
em perfeita saúde! Quando lhe falei de minha surpresa, ela respondeu que
não era novidade para ela, porque os Espíritas estavam realmente
fazendo-a passar por morta. Aqui está a essência da informação que ela
foi amável o bastante para me fornecer.
A Srta. Celina Bequet era uma sonâmbula natural desde cedo. Aos 16 ou 17 anos de idade, enquanto residia com seus pais em Paris, ela foi magnetizada pela primeira vez por Ricard, e três vezes por ele no todo. Em 1841 ela vivia no campo e foi acometida de uma moléstia séria; tendo perdido o uso das pernas, ficou confinada à sua cama por 27 meses; posteriormente, após perder toda esperança na medicina, ela foi magnetizada e colocada para dormir por seu irmão; ela, então, prescreveu os remédios necessários e após tratamento de seis semanas ela saiu da cama e pôde andar com o auxílio de muletas, que ela foi obrigada a usar por onze meses. Finalmente, em 1843, ela recuperou completamente a sua saúde.
Em 1845 ela foi a Paris procurar pelo Sr. Ricard e ela conheceu o Sr. Roustan na casa do Sr. Millet, um mesmerista (existe esta palavra?). Ela tomou, então, por consideração à família, o nome Japhet e se tornou uma sonâmbula profissional sob o controle do Sr. Roustan e permaneceu nesta posição até mais ou menos 1848. Ela deu, sob o nome adotado, recomendação médica sob a direção espiritual de seu avô, que havia sido médico, e também de Hahnemann e Mesmer, de quem ela recebeu grande número de comunicações. Desta mesma maneira em 1846 a doutrina da Reencarnação foi-lhe dada pelos espíritos de seu avô, Santa Teresa e outros. (À medida que os poderes sonambúlicos de Madame Japhet se desenvolviam sob a influência magnética do Sr. Roustan, é interessante observar que o próprio Sr. Roustan acreditava na pluralidade das existências terrestres. Veja Santuário do Espiritualismo de Cahagnet, Paris, 1850, pág. 164: desde a data de 24 de agosto de 1848).
Em 1849 a Sra. d’Abnour, de volta da América, desejou formar um círculo do fenômeno espiritual, do qual ela havia sido testemunha recentemente. Com este propósito, ela recorreu ao Sr. de Güldenstubbe, por quem o Sr. Roustan e Celina Japhet foram convidados a participar deste círculo de espíritos. (Veja a edição alemã de Pneumologia Positiva do Barão de Güldenstubbe, Stuttgart, 1870, pág. 87). A este círculo associou-se Abbé Chatel e as três senhoritas Bouvrais; ele compunha-se, portanto, por nove pessoas. Este círculo encontrava-se uma vez por semana na casa de Madame Japhet, Rua dos Mártires, 46; posteriormente, praticamente até a época da guerra de 1870, ele se reuniu duas vezes por semana. Em 1855 o círculo era composto das seguintes pessoas: Sr. Tierry, Sr. Taillandier, Sr. Tillman, Sr. Ramon de la Sagra (como morto … não sei se está correto), senhores Sardou (pai e filho), Madame Japhet e Sr. Roustan, que continuou como membro até mais ou menos 1864. Eles começaram por fazer uma corrente, à maneira americana, em forma de ferradura, em volta de Madame Celina e eles conseguiram fenômenos espirituais mais ou menos notáveis; mas logo Madame Celina se desenvolveu como médium escrevente e foi através deste canal que a maior parte das comunicações foram obtidas.
Em 1856 ela conheceu o Sr. Denizard Rivail, apresentado pelo Sr. Victorien Sardou. Ele correlacionou os materiais por um número de perguntas; ele mesmo arrumou o conjunto em ordem sistemática e publicou O Livro dos Espíritos sem nunca mencionar o nome de Madame Celina Japhet, apesar de três quartos deste livro terem sido dados por sua mediunidade. O resto foi obtido através de comunicações por Madame Bodin, que pertencia a outro círculo de espíritos. Ela não é mencionada exceto na última página do primeiro número da Revista Espírita, onde, em consequência do número de desaprovações endereçadas a ele, ele (Kardec) fez uma breve menção a ela. Como ele era afeiçoado a um importante jornal, O Universo (L’Univers), ele publicou seu livro sob os nomes em que nasceu em suas duas anteriores existências. Um destes nomes era Allan – um fato revelado a ele por Madame Japhet, e o outro nome, de Kardec, foi revelado a ele pelo médium Roze. Após a publicação de O Livro dos Espíritos, do qual Kardec nem ao menos presenteou uma cópia a Madame Japhet, ele abandonou o círculo e formou outro em sua própria casa, tendo o Sr. Roze como médium. Quando ele, portanto, partiu, ele possuía um grande número de manuscritos que ele seqüestrou da casa de Madame Japhet e ele se apropriou do direito de editor (organizador) por nunca tê-los devolvido. Aos inúmeros pedidos de restituição que lhe foram feitos, ele se contentou em responder “Deixem-na me processar.” Estes manuscritos foram até certo ponto úteis na compilação de O Livro dos Médiuns, do qual todo o conteúdo, assim diz Madame Japhet, foi conseguido por comunicações mediúnicas.
Seria essencial para completar este artigo uma revisão das idéias sobre pré-existência e reencarnação que estavam muito em voga na França um pouco antes de 1850. Um resumo delas pode ser encontrado no trabalho do Sr. Pezzani em Pluralidade das Existências. Os trabalhos de Cahagnet também devem ser consultados. Como estou agora longe da minha biblioteca, é impossível fornecer com exatidão os pontos de referência.
Além do que assunto precedente, detalhes suplementares em relação à origem de O Livro dos Espíritos e os diferentes pontos conectados com ela, podem e devem ser obtidos das testemunhas vivas para lançar luz sobre a concepção e o nascimento deste livro, tais como Madame Japhet, Srta. de Güldenstubbe, Sr. Sardou e Sr. Taillandier. Este último continua, até o presente, a trabalhar com Madame Japhet como médium; ela continua possuindo seus poderes sonambúlicos e continua a dar consultas. Ela adormece a si mesma por meio de objetos que foram magnetizados pelo Sr. Roustan. Eu acredito que seja um dever, nesta ocasião, testemunhar a excelência de sua lucidez. Eu a consultei a meu respeito e ela me deu informações exatas quanto a uma doença local, e quanto ao meu estado geral de saúde. Não é surpreendente que uma pessoa tão notável, que fez tanto pelo Espiritismo Francês, esteja vivendo completamente incógnita por vinte anos sem notícias ou observações feitas a seu respeito? Em vez de ser o centro da atenção do público, ela é totalmente ignorada; de fato, eles a enterraram viva! Esperemos que a reparação que ela merece lhe seja feita um dia. “Espiritualismo” deve, neste assunto, oferecer um exemplo nobre para o “Espiritismo”.*
Agora, voltando ao assunto da Reencarnação, eu deixo aos críticos ingleses tirar suas deduções dos fatos que eu esclareci pelas minhas pesquisas, mesmo incompletas; eu farei nada menos que lançar as seguintes ideias: Que a propagação desta doutrina por Kardec foi uma questão de forte predileção está claro; que no começo, a Reencarnação não foi apresentada como um objeto de estudo, mas como um dogma. Para sustentar isto, ele sempre recorreu a médiuns escreventes, que, como é sabido, passam muito facilmente sob a influência psicológica de ideias preconcebidas; e o Espiritismo engendrou isso em profusão; considerando que através de médiuns físicos as comunicações são não apenas mais objetivas, mas contrárias à doutrina da Reencarnação, Kardec adotou o plano de sempre desacreditar este tipo de mediunidade, alegando como pretexto sua inferioridade moral. Desta maneira, o método experimental é completamente desconhecido no Espiritismo; por vinte anos não houve o menor progresso intrínseco e ela se manteve em total ignorância do Espiritualismo anglo-americano! Os poucos médiuns físicos franceses que desenvolveram suas habilidades a despeito de Kardec nunca foram mencionados por ele na Revista; eles permaneceram praticamente desconhecidos para o Espiritismo, e apenas porque seus espíritos não sustentavam a doutrina da Reencarnação! Até Camille Brédif, um ótimo médium físico, granjeou celebridade apenas em consequência de sua visita a São Petersburgo. Eu não me lembro de jamais ter visto na Revista Espírita a menor notícia sobre ele, menos ainda qualquer descrição das manifestações produzidas em sua presença. Conhecendo a reputação do Sr. Home, Kardec fez várias ofertas para tê-lo do seu lado; ele teve duas entrevistas com Home com este propósito, mas o Sr. Home disse-lhe que os espíritos que se comunicaram através dele nunca apoiaram a ideia da Reencarnação, Kardec desde então ignorou-o, nisso negligenciando o valor das manifestações que eram produzidas em sua presença. Eu tenho, sobre esse assunto, uma carta do Sr. Home, embora no presente momento ela não esteja ao alcance.
Concluindo, é apenas necessário apontar que tudo que eu aqui declarei não afeta a questão da Reencarnação, considerada por seus próprios méritos, mas apenas diz respeito às causas de sua origem e de sua propagação como Espiritismo.
Chateau de Krotofka, Rússia, 24 de julho de 1873.
* Endereço de Madame Japhet em Paris, Rue des Enfants Rouge, 6.
A Srta. Celina Bequet era uma sonâmbula natural desde cedo. Aos 16 ou 17 anos de idade, enquanto residia com seus pais em Paris, ela foi magnetizada pela primeira vez por Ricard, e três vezes por ele no todo. Em 1841 ela vivia no campo e foi acometida de uma moléstia séria; tendo perdido o uso das pernas, ficou confinada à sua cama por 27 meses; posteriormente, após perder toda esperança na medicina, ela foi magnetizada e colocada para dormir por seu irmão; ela, então, prescreveu os remédios necessários e após tratamento de seis semanas ela saiu da cama e pôde andar com o auxílio de muletas, que ela foi obrigada a usar por onze meses. Finalmente, em 1843, ela recuperou completamente a sua saúde.
Em 1845 ela foi a Paris procurar pelo Sr. Ricard e ela conheceu o Sr. Roustan na casa do Sr. Millet, um mesmerista (existe esta palavra?). Ela tomou, então, por consideração à família, o nome Japhet e se tornou uma sonâmbula profissional sob o controle do Sr. Roustan e permaneceu nesta posição até mais ou menos 1848. Ela deu, sob o nome adotado, recomendação médica sob a direção espiritual de seu avô, que havia sido médico, e também de Hahnemann e Mesmer, de quem ela recebeu grande número de comunicações. Desta mesma maneira em 1846 a doutrina da Reencarnação foi-lhe dada pelos espíritos de seu avô, Santa Teresa e outros. (À medida que os poderes sonambúlicos de Madame Japhet se desenvolviam sob a influência magnética do Sr. Roustan, é interessante observar que o próprio Sr. Roustan acreditava na pluralidade das existências terrestres. Veja Santuário do Espiritualismo de Cahagnet, Paris, 1850, pág. 164: desde a data de 24 de agosto de 1848).
Em 1849 a Sra. d’Abnour, de volta da América, desejou formar um círculo do fenômeno espiritual, do qual ela havia sido testemunha recentemente. Com este propósito, ela recorreu ao Sr. de Güldenstubbe, por quem o Sr. Roustan e Celina Japhet foram convidados a participar deste círculo de espíritos. (Veja a edição alemã de Pneumologia Positiva do Barão de Güldenstubbe, Stuttgart, 1870, pág. 87). A este círculo associou-se Abbé Chatel e as três senhoritas Bouvrais; ele compunha-se, portanto, por nove pessoas. Este círculo encontrava-se uma vez por semana na casa de Madame Japhet, Rua dos Mártires, 46; posteriormente, praticamente até a época da guerra de 1870, ele se reuniu duas vezes por semana. Em 1855 o círculo era composto das seguintes pessoas: Sr. Tierry, Sr. Taillandier, Sr. Tillman, Sr. Ramon de la Sagra (como morto … não sei se está correto), senhores Sardou (pai e filho), Madame Japhet e Sr. Roustan, que continuou como membro até mais ou menos 1864. Eles começaram por fazer uma corrente, à maneira americana, em forma de ferradura, em volta de Madame Celina e eles conseguiram fenômenos espirituais mais ou menos notáveis; mas logo Madame Celina se desenvolveu como médium escrevente e foi através deste canal que a maior parte das comunicações foram obtidas.
Em 1856 ela conheceu o Sr. Denizard Rivail, apresentado pelo Sr. Victorien Sardou. Ele correlacionou os materiais por um número de perguntas; ele mesmo arrumou o conjunto em ordem sistemática e publicou O Livro dos Espíritos sem nunca mencionar o nome de Madame Celina Japhet, apesar de três quartos deste livro terem sido dados por sua mediunidade. O resto foi obtido através de comunicações por Madame Bodin, que pertencia a outro círculo de espíritos. Ela não é mencionada exceto na última página do primeiro número da Revista Espírita, onde, em consequência do número de desaprovações endereçadas a ele, ele (Kardec) fez uma breve menção a ela. Como ele era afeiçoado a um importante jornal, O Universo (L’Univers), ele publicou seu livro sob os nomes em que nasceu em suas duas anteriores existências. Um destes nomes era Allan – um fato revelado a ele por Madame Japhet, e o outro nome, de Kardec, foi revelado a ele pelo médium Roze. Após a publicação de O Livro dos Espíritos, do qual Kardec nem ao menos presenteou uma cópia a Madame Japhet, ele abandonou o círculo e formou outro em sua própria casa, tendo o Sr. Roze como médium. Quando ele, portanto, partiu, ele possuía um grande número de manuscritos que ele seqüestrou da casa de Madame Japhet e ele se apropriou do direito de editor (organizador) por nunca tê-los devolvido. Aos inúmeros pedidos de restituição que lhe foram feitos, ele se contentou em responder “Deixem-na me processar.” Estes manuscritos foram até certo ponto úteis na compilação de O Livro dos Médiuns, do qual todo o conteúdo, assim diz Madame Japhet, foi conseguido por comunicações mediúnicas.
Seria essencial para completar este artigo uma revisão das idéias sobre pré-existência e reencarnação que estavam muito em voga na França um pouco antes de 1850. Um resumo delas pode ser encontrado no trabalho do Sr. Pezzani em Pluralidade das Existências. Os trabalhos de Cahagnet também devem ser consultados. Como estou agora longe da minha biblioteca, é impossível fornecer com exatidão os pontos de referência.
Além do que assunto precedente, detalhes suplementares em relação à origem de O Livro dos Espíritos e os diferentes pontos conectados com ela, podem e devem ser obtidos das testemunhas vivas para lançar luz sobre a concepção e o nascimento deste livro, tais como Madame Japhet, Srta. de Güldenstubbe, Sr. Sardou e Sr. Taillandier. Este último continua, até o presente, a trabalhar com Madame Japhet como médium; ela continua possuindo seus poderes sonambúlicos e continua a dar consultas. Ela adormece a si mesma por meio de objetos que foram magnetizados pelo Sr. Roustan. Eu acredito que seja um dever, nesta ocasião, testemunhar a excelência de sua lucidez. Eu a consultei a meu respeito e ela me deu informações exatas quanto a uma doença local, e quanto ao meu estado geral de saúde. Não é surpreendente que uma pessoa tão notável, que fez tanto pelo Espiritismo Francês, esteja vivendo completamente incógnita por vinte anos sem notícias ou observações feitas a seu respeito? Em vez de ser o centro da atenção do público, ela é totalmente ignorada; de fato, eles a enterraram viva! Esperemos que a reparação que ela merece lhe seja feita um dia. “Espiritualismo” deve, neste assunto, oferecer um exemplo nobre para o “Espiritismo”.*
Agora, voltando ao assunto da Reencarnação, eu deixo aos críticos ingleses tirar suas deduções dos fatos que eu esclareci pelas minhas pesquisas, mesmo incompletas; eu farei nada menos que lançar as seguintes ideias: Que a propagação desta doutrina por Kardec foi uma questão de forte predileção está claro; que no começo, a Reencarnação não foi apresentada como um objeto de estudo, mas como um dogma. Para sustentar isto, ele sempre recorreu a médiuns escreventes, que, como é sabido, passam muito facilmente sob a influência psicológica de ideias preconcebidas; e o Espiritismo engendrou isso em profusão; considerando que através de médiuns físicos as comunicações são não apenas mais objetivas, mas contrárias à doutrina da Reencarnação, Kardec adotou o plano de sempre desacreditar este tipo de mediunidade, alegando como pretexto sua inferioridade moral. Desta maneira, o método experimental é completamente desconhecido no Espiritismo; por vinte anos não houve o menor progresso intrínseco e ela se manteve em total ignorância do Espiritualismo anglo-americano! Os poucos médiuns físicos franceses que desenvolveram suas habilidades a despeito de Kardec nunca foram mencionados por ele na Revista; eles permaneceram praticamente desconhecidos para o Espiritismo, e apenas porque seus espíritos não sustentavam a doutrina da Reencarnação! Até Camille Brédif, um ótimo médium físico, granjeou celebridade apenas em consequência de sua visita a São Petersburgo. Eu não me lembro de jamais ter visto na Revista Espírita a menor notícia sobre ele, menos ainda qualquer descrição das manifestações produzidas em sua presença. Conhecendo a reputação do Sr. Home, Kardec fez várias ofertas para tê-lo do seu lado; ele teve duas entrevistas com Home com este propósito, mas o Sr. Home disse-lhe que os espíritos que se comunicaram através dele nunca apoiaram a ideia da Reencarnação, Kardec desde então ignorou-o, nisso negligenciando o valor das manifestações que eram produzidas em sua presença. Eu tenho, sobre esse assunto, uma carta do Sr. Home, embora no presente momento ela não esteja ao alcance.
Concluindo, é apenas necessário apontar que tudo que eu aqui declarei não afeta a questão da Reencarnação, considerada por seus próprios méritos, mas apenas diz respeito às causas de sua origem e de sua propagação como Espiritismo.
Chateau de Krotofka, Rússia, 24 de julho de 1873.
* Endereço de Madame Japhet em Paris, Rue des Enfants Rouge, 6.
O Espiritualista – 13 de agosto de 1875 – pág. 74 e 75
As diversas reencarnações de Chico Xavier
No livro “Chico, Diálogos e Recordações”, o autor Carlos Alberto Braga realiza um trabalho sério e dedicado por quatro anos com Arnaldo Rocha, que teve quase 50 anos de convivência com Chico Xavier. Arnaldo revelou uma série de reencarnações de si mesmo e de “Nossa Alma Querida”, como se refere a Chico. Arnaldo Rocha foi o doutrinador de um grupo de desobsessão que Chico Xavier participava. O nome era “Grupo Coração Aberto”, onde muitas revelações sobre vidas passadas na história planetária foram reveladas.O resultado do trabalho pode ser parcialmente visto nos livros “Instruções Psicofônicas” e “Vozes do Grande Além”. Dentre várias encarnações de Francisco Cândido Xavier, algumas já foram elucidadas:
Hatshepsut (Egito) (aproximadamente de 1490 AC a 1450 AC)
Era uma farani – feminino de faraó – que herdou o trono egípcio em função da morte do irmão. A regência dela foi muito importante para o Egito, já que suspendeu os processos bélicos e de expansão territorial. Trouxe ao povo um pensamento intrínseco e mais religioso. Viveu numa época em que surgiram as escritas nos papiros, o livro dos mortos. Hatshepsut foi muito respeitada e admirada pelo povo egípcio. Obesa e diabética, com câncer nos ossos, desencarnou em torno dos 40 anos, por causa de uma infecção generalizada. Hatshepsut foi a primeira faraó (mulher) da história. Governou o Egito sozinha por 22 anos, na época o Estado era um dos mais ricos.
Chams (Egito) (por volta de 800 AC)
Rainha do Egito durante o império babilônico de Cemirames. Vários amigos de Chico Xavier também estavam encarnados na época, como Camilo Chaves, o próprio Arnaldo Rocha e Emmanuel, que era sacerdote e professor de Chams.
Sacerdotisa (Delphos-Grécia) (cerca de 600 AC)
Não se tem registros de qual o nome Chico Xavier recebeu nesta encarnação. Ela se tornou sacerdotisa por causa do tio (Emmanuel reencarnado), que a encaminhou para a sacerdotisação.
Lucina (Roma-Itália) (aproximadamente 60 AC)
Lucina era casada com o general romano chamado Tito Livonio (Arnaldo Rocha reencarnado), nos tempos da revolução de Catilina. Nesta jornada, Lucina teve como pai Publius Cornelius Lentulus Sura, senador romano, avô de Publius Cornelius Lentulus (Emmanuel).
Flavia Cornélia (Roma-Itália) (de 26 DC a 79 DC)
Nesta encarnação, Chico Xavier era filha do senador romano Publius Cornelius Lentulus (Emmanuel). Arnaldo Rocha confidenciou que quando Chico se lembrava da reencarnação de Flavia sentia muitas dores, porque ela teve hanseníase. Também se percebia um forte odor que se exalava.
Lívia (Ciprus, Massilia, Lugdunm e Neapolis) (de 233 DC a 256 DC)
Foi abandonada numa estrada e achada por um escravo, que trabalhava como afinador de instrumento, e tinha o nome de Basílio (Emmanuel reencarnado). Ele a adota e coloca o nome de Lívia – ler Ave Cristo. Nesta ocasião, Arnaldo Rocha era Taciano, um homem casado que tinha uma filha chamada Blandina (Meimei reencarnada).
Certa vez, os três se encontraram e Taciano chegou a propor uma relação conjugal com Lívia, que era casada com Marcelo Volusian.
Quando a proposta foi feita, Lívia alertou que todos tinham um compromisso assumido, tanto Taciano com sua esposa, quanto ela com o seu marido.
Na oportunidade, Lívia disse: “Além de tudo, nós temos que dar exemplo a essa criança. Imagina ela ter uma referência de pais que abandonam esses compromissos.
Confiemos na providência divina porque nos encontraremos em Blandina num futuro distante”, numa clara alusão ao primeiro encontro entre Arnaldo Rocha e Chico Xavier, na Rua Santos Dumont, em Belo Horizonte, em 1946, quando o médium revelou as mensagens de Meimei do Plano Espiritual.
Clara (França) (por volta de 1150 DC)
Chico Xavier, quando esteve na França, foi nas ruínas dos Cátaros e se lembrou quando, em nome da 1ª Cruzada, toda uma cidade foi às chamas. Essa lembrança foi dolorosa para Chico. No século seguinte, a 2ª Cruzada foi coordenada por Godofredo de Buillon (Rômulo Joviano encarnado – patrão de Chico Xavier na Fazenda Modelo em Pedro Leopoldo), que tinha um irmão chamado Luis de Buillon (Arnaldo Rocha reencarnado), casado com Cecile (Meimei ou Blandina reencarnada). Godofredo e Luis tinham mais um irmão, com o nome de Carlos, casado com Clara (Chico Xavier, reencarnado).
Meimei, no livro “Meimei Vida e Mensagem”, de Wallace Leal Rodrigues, descreve todos esses nomes, sem falar das reencarnações, e se refere a Chico como quem tem o afeto das mães, numa clara citação das várias encarnações femininas que teve o médium: “… Meu afeto ao Carlos, Dorothy, Lucilla, Cleone e a todos os que se encontram mencionados em nossa história, sem me esquecer do Chico, a quem peço continue velando por nós com o afeto das mães, cuja ternura é o orvalho bendito, alertando-nos para viver, lutar e redimir” (mensagem psicofônica de Meimei pelo médium Chico Xavier, em 13 de agosto de 1950).
Lucrezja di Colonna (Itália) (Século XIII)
Nesta encarnação, Chico Xavier nasceu na família de Colonna, assim como Arnaldo Rocha, que era Pepino de Colonna, e Clóvis Tavares, na época Pierino de Colonna. Os três viveram na época de Francisco de Assis e tiveram contatos, encarnados, com este espírito iluminado.
Joanne D’Arencourt (Arras-França) (Século XVIII)
Joanne D’Arencourt fugiu da perseguição durante a Revolução Francesa sob a proteção de Camile Desmoulins (Luciano dos Anjos, reencarnado). Veio desencarnar tuberculosa em Barcelona em 1789.
Joana de Castela (Espanha) (1479 a 1556)
Joana de Castela era filha de reis católicos – Fernando de Aragão (Rômulo Joviano, encarnado) e Isabel de Castela. Casou-se com Felipe El Hermoso, neto de Maximiliano I, da Áustria, da família dos Habsburgos. O casamento foi político, mas apressado pelo grande amor que existia. Desde criança, Joana via espíritos e, por viver numa sociedade católica, era considerada como louca. Com a desencarnação dos pais de Joana, o marido Felipe e, o pai dele, Felipe I (Arnaldo Rocha reencarnado) disputavam o trono.
Para evitar que Joana de Castela assumisse, acusaram ela de louca, porque via e falava com os espíritos. Depois que Felipe desencarnou, Joana foi enclausurada por 45 anos em Tordesilhas, na Espanha. A dor era muito grande, mas o que a consolava era o contato com os espíritos. A clausura tem muita relação com a vida de Chico Xavier. Foi uma espécie
de preparação para o que viria. Chico sempre foi muito popular, mas fazia questão de sair do foco para que a Doutrina Espírita fosse ressaltada.
Ruth Céline Japhet (Paris-França) Encarnação anterior à de Chico
Xavier (1837/1885)
Sua infância lembra os infortúnios de Chico Xavier, tal a luta que empreendeu pela saúde combalida. Era médium desde pequena, mas só por volta dos 12 anos começou a distinguir a realidade entre este mundo e o espiritual. Na infância, confundia os dois. Acamada por mais de dois anos, foi um magnetizador chamado Ricard quem constatou que ela era médium (sonâmbula, na designação da época), colocando-a em transe pela primeira vez. Filha de judeu, Ruth Céline Japhet contribuiu com Allan Kardec para trabalhar na revisão de “O Livro dos Espíritos” e do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, durante as reuniões nas casas dos Srs. Roustan e Japhet. Isso pode explicar por que Chico sabia, desde pequeno, todo o Evangelho. Em palestra proferida em Niterói no dia 23 de abril, o médium Geraldo Lemos Neto citou este fato: “Desde quando ele tinha cinco anos de idade, Chico guardava integralmente na memória as páginas de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. A história de Chico Xavier todos nós sabemos. Ele somente veio ter contato com a Doutrina Espírita aos 17 anos de idade”, finalizou.
Para contrariar o pressuposto de que Chico Xavier foi Allan Kardec, o próprio médium mineiro relatou a admiração pelo codificador em carta publicada no livro “Para Sempre Chico Xavier”, de Nena Galves: “Allan Kardec vive. Esta é uma afirmativa que eu quisera pronunciar com uma voz que no momento não tenho, mas com todo o meu coração repito: Deus engrandeça o nosso codificador, o codificador da nossa Doutrina. Que ele se sinta cada vez mais feliz em observar que as suas idéias e as suas lições permanecem acima do tempo, auxiliando-nos a viver. É o que eu pobremente posso dizer na saudação que Allan Kardec merece de todos nós.
Sei que cada um de nós, na intimidade doméstica, torná-lo á lembrado e cada vez mais honrado não só pelos espíritas do Brasil, mas de todo o mundo. Kardec vive”.
PUBLICADO NO JORNAL CORREIO ESPÍRITA EM JUNHO DE 2010
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