Em 1931, em Pedro Leopoldo, iniciou a psicografia da obra Parnaso de Além-Túmulo.
Esse ano, que marca a "maioridade" do médium, é o ano do encontro com
seu mentor espiritual Emmanuel, "...à sombra de uma árvore, na beira de
uma represa..." (SOUTO MAIOR, 1995:31). O mentor informa-o sobre a sua
missão de psicografar uma série de trinta livros e explica-lhe que para
isso são lhe exigidas três condições: "disciplina, disciplina e
disciplina".
Severo
e exigente, o mentor instruiu-o a manter-se fiel a Jesus e a Kardec,
mesmo na eventualidade de conflito com a sua orientação. Mais tarde, o
médium conheceu que Emmanuel havia sido o senador romano Publio
Lêntulus, posteriormente renascido como escravo e simpatizante do
cristianismo e que, em reencarnação posterior, teria sido o padre
jesuíta Manuel da Nóbrega, ligado à evangelização do Brasil.
Em 1932, foi publicado o Parnaso de Além-Túmulo pela Federação
Espírita Brasileira (FEB). A obra, coletânea de poesias ditadas por
espíritos de poetas brasileiros e portugueses, obteve grande repercussão
junto à imprensa e à opinião pública brasileira e causou espécie entre
os literatos brasileiros, cujas opiniões se dividiram entre o
reconhecimento e a acusação de pastiche. O impacto era aumentado ao se
saber que a obra tinha sido escrita por um "modesto escriturário" de
armazém do interior de Minas Gerais, que mal completara o primário.
Conta-se que o espírito de sua mãe aconselhou-o a não responder aos
críticos.
Os
direitos autorais das suas obras são concedidos à FEB. Nesse período,
inicia a sua relação com Manuel Quintão e Wantuil de Freitas. Ainda
nesse período, descobriu ser portador de uma catarata ocular, problema
que o acompanhou pelo resto da vida. Os espíritos seus mentores,
Emmanuel e Bezerra de Menezes, orientam-no para tratar-se com os
recursos da medicina humana e não contar com quaisquer privilégios dos
espíritos.Continuou
com o seu emprego de escrevente-datilógrafo na Fazenda Modelo da
Inspetoria Regional do Serviço de Fomento da Produção Animal, iniciado
em 1935 e a exercer as suas funções no Centro Espírita Luís Gonzaga,
atendendo aos necessitados com receitas, conselhos e psicografando as
obras do Além. O administrador da fazenda era o engenheiro
agrônomo Rômulo Joviano, também espírita, que além de conseguir o
emprego para Chico, o ajudava a ter a paz necessária para os trabalhos
de psicografia, além de acompanhar as sessões do Centro Luiz Gonzaga, do
qual se tornaria presidente. Foi justamente no período em que
psicografava nos porões da casa de Joviano que foi escrita uma de suas
maiores obras, intitulada Paulo e Estevão. Paralelamente, iniciou uma
longa série de recusas de presentes e distinções, que perdurará por toda
a vida, como por exemplo a de Fred Figner, que lhe legou vultosa soma
em testamento, repassada pelo médium à FEB.
Com a notoriedade, prosseguiram as críticas de pessoas que tentavam desacreditá-lo.
Além dessas pessoas, Chico Xavier ainda dizia que inimigos espirituais
buscavam atingi-lo com fluidos negativos e tentações. Souto Maior relata
uma tentativa de "linchamento pelos espíritos", bem como um episódio em
que jovens nuas tentam o médium em sua banheira. Observe-se que ambos
os episódios contêm aspectos narrativos comuns à chamada "prova", comum
em histórias de santidade.
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