Graças
à inestimável ajuda de Guilherme Amaral Santos, o blog Obras
Psicografadas conseguiu as reportagens originais da revista O CRUZEIRO
denunciando a farsa das materializações de Uberaba que envolviam Chico
Xavier, Waldo Vieira e Otília Diogo. Guilherme é autor de vários vídeos
na internet sobre Chico Xavier, o primeiro deles acessível aqui.
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Neste
número de janeiro de 1964, ainda não são feitas as acusações com as
provas fotográficas, que só virão na edição de fevereiro. 6 anos depois,
toda a farsa será revelada na edição de outubro de 1970 com as provas
materiais. Esta última edição será disponibilizada do dia do centenário
de nascimento de Chico Xavier, ou seja, 2 de abril. Cada postagem terá
ao final um link para que o leitor possa fazer o download da matéria
original em maior resolução.
O Cruzeiro (18 de Janeiro de 1964)
A
FREIRA Josefa, ou Maria José Domini, falecida há 17 anos, com véu e
crucifixo, é a materialização mais freqüente que aparece nas
experiências mediúnicas da cidade mineira de Uberaba. Voz suave, ela
conversa com os presentes, espargindo no ambiente perfume de flores. Às
vezes, afirmam, chegam a descobrir a face, por alguns momentos.
JÚRI DE MÉDICOS FOTOGRAFA E DOCUMENTA EM UBERABA
FENÔMENOS DE MATERIALIZAÇÃO
REPORTAGEM DE JOSÉ FRANCO
FOTOGRAFIAS DE NEDYR MENDES DA ROCHA E DA EQUIPE MÉDICA
“O
Cruzeiro” apresenta o mais completo documentário sobre a
“materialização de espíritos”, fenômeno parapsíquico relacionado com a
liberação de ectoplasma, denominado “quinto estado da matéria orgânica”,
que tem sido exaustivamente pesquisado pela ciência. Os depoimentos e
as fotografias desta reportagem são da responsabilidade de uma equipe de
médicos, de São Paulo e do Triângulo Mineiro, que assistiu e pesquisou
durante três meses numerosas experiências, sob controle, na cidade de
Uberaba. As opiniões foram registradas em discos, durante uma entrevista
irradiada em programa da TV Itacolomi, em Belo Horizonte, e que
reproduzimos, guardando-nos da análise dos fatos narrados.
AQUI
aparecem nove dos dezenove médicos pesquisadores que, desde setembro,
vêm realizando experimentações para o estudo das formas ectoplasmáticas
na cidade-meca do espiritismo no Brasil, Uberaba. Foram fotografados
pelos próprios companheiros, momentos antes de iniciar-se uma reunião,
já sem paletó e gravata, conforme instruções da equipe. Nenhum objeto
material, a não ser os óculos, é permitido. Tudo para evitar possíveis
fraudes, no interior das câmaras experimentais de Uberaba.
NAS CÂMARAS DAS EXPERIÊNCIAS CIENTÍFICAS TOMAM-SE CAUTELAS PARA EVITAR FRAUDES
OS
MÉDICOS Elias Barbosa e José Américo Junqueira de Matos estão
atarefados no ato de manietar, com correias e cadeados, numa cadeira, a
sensitiva (médium) Otília Diogo, residente no interior paulista, e
através da qual se materializa a freira Josefa. Todas as cautelas são
rigorosamente obedecidas pelos pesquisadores, para evitar que os
sensitivos se locomovam dentro da jaula, onde são colocados, à porta
trancada e rubricada pelos participantes.
POUCO
depois desses cuidados, que têm como objetivo evitar qualquer
possibilidade de fraudes ou mistificações, já agora a mesma médium
Otília Diogo aparece no interior da jaula gradeada, sendo, de fora,
fotografada por um dos médicos. Nota-se, com inteira clareza, que de sua
cabeça começa a ser expelida a matéria ectoplasmática, uma espécie de
nuvem branca, que dentro em pouco vai se transformar em espírito
materializado. Imóvel, de cabelos caídos sobre o rosto, a sensitiva
permanece em transe.
O
DR. ELIAS BOAINAIM, ladeado pelo Dr. Oswaldo de Castro, mostra perante
às câmaras de televisão a foto, que aparece ao lado, da materialização
da Irmã Josefa atravessando a jaula.
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NA
noite de 29 de novembro, os telespectadores de Belo Horizonte e cidades
circunvizinhas foram surpreendidos, quando a TV Itacolomi, através do
Programa “Seqüência Atual”, transmitiu impressionante entrevista com uma
equipe de médicos de São Paulo e do Triângulo Mineiro que assistiu e
pesquisou, do ponto de vista científico, segundo afirmam, fenômenos de
materialização de espíritos e efeitos físicos ocorridos, nas últimas
semanas, na cidade de Uberaba, em reuniões que contaram com a presença
dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Estiveram frente às
câmaras oito dos dezenove médicos pesquisadores, os Drs. Elias Barbosa,
professor de Farmacologia e Terapêutica Experimental da Faculdade de
Medicina do Triângulo Mineiro, de Uberaba; José Hortêncio de Medeiros
Sobrinho, radiologista do Instituto de Cardiologia de São Paulo;
Adroaldo Modesto Gil, professor de Psiquiatria e Psicologia Médica da
Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro; Elias Boainaim,
cardiologista do Instituto de Cardiologia de São Paulo; Eurípedes Tahan
Vieira, professor de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina do
Triângulo Mineiro; Oswaldo de Castro, cirurgião do Hospital das Clínicas
de São Paulo; Gil Perche de Menezes, Diretor do Hospital Psiquiátrico
de Araras, São Paulo; e Alberto Calvo, psiquiatra do Instituto de
Neuropatas e Psicopatas do Estado de São Paulo.
A
MATERIALIZAÇÃO da irmã Josefa, de mãos postas, deixa o interior da
jaula onde está manietada a médium Otília Diogo e começa a atravessar os
varões de ferro. A poucos passos, um dos médicos pesquisadores se
posta, para colher o flagrante fotográfico, que irá comprovar o que seus
olhos acabam de ver.
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Além
dos pesquisadores entrevistados, participaram das experimentações em
Uberaba, prestando depoimentos e testemunhos, os seguintes médicos: José
Américo Junqueira de Matos, Diretor do Hospital Psiquiátrico de
Marília, São Paulo; Sebastião de Melo, clínico de Itumblara, Goiás;
Ismael Ferreira de Rezende, ginecologista e obstetra da Casa de Saúde e
Maternidade Santa Clara, de Uberlândia, Minas Gerais; Milton Skaff,
cirurgião da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, Minas Gerais;
Adelror Alves de Gouveia, psiquiatra da Casa de Saúde São Judas Tadeu,
de Ituiutaba, Minas Gerais; Cleomar Borges de Oliveira, clínico de
Rifânia, São Paulo; Armando Valente do Couto, neuropsi-quiatra do
Sanatório Nossa Senhora da Aparecida de Campinas, São Paulo; Flávio
Pinheiro, pediatra de Ibitinga, São Paulo; Mário da Silva, clínico de
São Paulo; Antônio Ferreira Filho, radiologista de São Paulo; e Waldo
Vieira, clínico de Uberaba. Saliente-se que os pesquisadores referidos
pertencem a todas as confissões religiosas, obtendo, dessa forma,
conclusões imparciais nas pesquisas, isentas de preocupação religiosa ou
proselitista, conforme asseguram.
O
FLAGRANTE mostra a materialização da irmã Josefa, ao fundo, recendo,
das mãos do dr. Waldo Vieira, e do médium Francisco Cândido Xavier, um
livro. Depois a forma materializada troca palavras com os presentes, num
diálogo que a todos impressionou vivamente.
DOIS MÉDIUNS, CHICO XAVIER E WALDO VIEIRA, COMANDAM AS EXPERIMENTAÇÕES
ENTRE as grades da jaula de ferro, a freira, segurando o livro.
Depois,
em outro momento (foto ao lado), ela é fotografada ao lado do médium
psicógrafo e clínico em Uberaba, Dr. Waldo Vieira. Este diz que tocou no
seu braço.
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MEDIDAS DE PRECAUÇÃO
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Participaram
das reuniões de Uberaba, como médiuns de efeitos físicos e ectoplasmia,
D. Otília Diogo, do interior paulista, e os Srs. Walter Santos Rezende,
do Triângulo Mineiro, e Antônio Alves Feitosa, da capital de São Paulo,
os quais se submeteram às severas exigências dos pesquisadores, sendo
interrogados, examinados, manietados, algemados e presos dentro de uma
jaula de aço de duzentos quilos, fechada a cadeados rubricados. Segundo
aqueles oito médicos, cujos depoimentos foram gravados, tiveram o maior
zelo em tomar todas as medidas de precaução para evitar, nas reuniões de
Uberaba, possibilidades de fraudes ou mistificações. Assim — informam
eles — vedaram completamente as portas e janelas do recinto, revistaram
todos os presentes, de modo a que nenhum participante permanecesse com
qualquer objeto de uso pessoal, excetuando óculos, durante as reuniões.
Os homens compareceram sem paletó e gravata. Verificaram a inexistência
de saídas secretas ou alçapões, constatando-se a impossibilidade normal
de entrada ou saída de seres vivos ou de objetos, sem que os
pesquisadores presentes percebessem. Além disso, as cadeiras foram
numeradas com os nomes indicados e todos os participantes tiveram as
costas marcadas com sinais fosforescentes, para estarem continuamente
localizados dentro da câmara das experimentações e não se movimentarem
sem serem percebidos. Numerosos gravadores e dez máquinas fotográficas
foram colocados em todos os ângulos da sala. Revelam os médicos que as
máquinas e os filmes fotográficos foram igualmente rubricados e anotados
(número, modelo, objetiva, tessar, planar, filme, marca, sensibilidade,
tipo, velocidade da máquina, abertura, etc.) para afastar a hipótese de
truques fotográficos. Assim todas as possibilidades de fraude foram
aparentemente abolidas. Ainda foram utilizados nas comprovações
científicas termômetros, barômetros, balanças, condiciona-dores de ar,
eletrofones, lanternas, “flashes” eletrônicos, além de dois fumadores
que documentaram todos os preparativos anteriores e as medidas
posteriores às experiências.
INTUITO CIENTÍFICO
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Afirmam
os pesquisadores que levaram a efeito seis experimentações de setembro a
novembro do corrente ano “obtendo-se cerca de quatrocentas fotografias
de espíritos e objetos materializados”, indicando-se dentro da equipe as
funções de cada um dos médicos para se comprovar, minuciosamente, todas
as ocorrências, ou seja, escalou-se o dirigente; os inventariantes do
material das experimentações; os cinegrafistas; os clínicos e
psiquiatras que submeteram os sensitivos (médiuns) aos exames clínicos
antes e depois das reuniões (inclusive com eletroencefalogramas); os
responsáveis pelas gravações; os encarregados de pesagem de todos os
presentes; os executores de rubricas, revistas, lacrações e vedamentos;
os relatores dos trabalhos, etc. Digno de nota é que todos os móveis,
aparelhos e objetos, inclusive as vestimentas usadas pelos “sujets”
(médiuns) foram adquiridos e fornecidos pelos próprios pesquisadores,
que fizeram as experimentações no consultório de um deles.
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Asseguram
os médicos que “o intuito é científico; nenhuma intenção religosa anima
a equipe de pesquisadores”. Somente agora, depois de três meses, na
segunda fase das experimentações e atendendo a insistentes pedidos de
colegas interessados, é que se resolveu deixar aparecer os resultados
obtidos após pesquisas exaustivas e a comprovação unânime da
autenticidade dos fenômenos.
OS FENÔMENOS DE MATERIALIZAÇÃO
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Além
da materialização de espíritos — “que se apresentaram com véus e
desvelados, sob luz vermelha e “flashes” ou no escuro com luz própria” —
os médicos declaram que se registraram outros fenômenos, como sejam
“levitação de alguns objetos já colocados propositadamente pelos
pesquisadores, “raps”, pancadas, palmas etc, além da ligação direta
pelos espíritos, da radiola; do ligamento direto da luz elétrica e da
dialogação dos espíritos com os médicos através da voz direta”. Houve,
ainda, “transporte de objetos, aspersão de perfumes diversos em forma de
chuva, ocorrências de luminosidades, sensação táctil e toque nos
espíritos materializados”. Entre os espíritos que se manifestaram,
destacam-se Alberto Veloso, “que se veste à moda oriental”; Adry, um
índio sul-americano; Japi, indiazinha de 7 anos, “que materializou uma
gaita (harmônica) tocando-a para os presentes”, e Irmã Josefa, falecida
há 17 anos e que se materializou em várias reuniões, ainda de acordo com
as informações dos médicos, “tendo oportunidade de conversar longamente
com os participantes, além de se deixar fotografar com os presentes e
de se deixar tocar por eles”.
ENVOLTO NUM VÉU BRANCO APARECE O ESPÍRITO À MODA ORIENTAL
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Sobre esse fenômeno, revela o clínico e médium Waldo Vieira, conhecido psicógrafo da cidade mineira de Uberaba:
“—
Efetivamente, foram constatados quinze fenômenos diversos, sendo mais
importante as materializações de duas formas: Uma feminina e outra
masculina. A forma masculina é de um colega nosso, Dr. Alberto Veloso,
que teve clínica, segundo consta dos seus antecedentes, no Largo do
Machado, no Rio. E a outra entidade, uma forma feminina já célebre, pois
o seu túmulo está sendo visitado por centenas de pessoas, a da Irmã
Josefa ou Maria José Domini, de cujas fotografias do túmulo já dispomos,
para publicação no livro resultante das pesquisas e que terá o título
de “Materializações — fenômenos de efeitos físicos comprovados por uma
equipe médica”. A Irmã Josefa, que se materializa por intermédio da
médium Otília Diogo, se manifesta com características que a
individualizam de modo categórico. O seu timbre de voz é diferente do da
médium, a sua fisionomia também o é. A sua compleição, ou seu biótipo,
não se assemelha também com o da médium Otília. Ela tem luz própria, voz
própria, e nós tivemos oportunidade de auscultar, de ver e pegar com os
nossos dedos na forma materializada”.
“— O senhor tocou no espírito?”
“—
Eu toquei na sua mão e tiramos, mesmo, algumas fotos olhando para ela, e
aparecemos com ela na fotografia, junto com o Chico Xavier.”
“— Qual a impressão que teve ao tocar no espírito da Freira?”
“—
Ela é um ser igual a qualquer outro. Nós pegamos no seu braço esquerdo e
na sua mão esquerda. A materializada estava envolvida por um véu, uma
espécie de filó, mas aprofundamos o dedo até encostar no seu braço e
achamos que é um braço igual a qualquer um nosso, apenas com a
temperatura um pouco mais baixa. Disso nós não temos dúvida, porque não é
a primeira vez que nós comprovamos fenômenos semelhantes.”
FRAUDE E PERFUME
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Também
o cirurgião Oswaldo de Castro, do Hospital das Clínicas de São Paulo,
dá a sua opinião. Segundo se afirma, êle compareceu em Uberaba para
“desmascarar o embuste”, porque jamais acreditara em materializações.
Eis algumas de suas palavras:
“— Antes de tudo, eu devo esclarecer que fui um dos elementos que mais trabalharam no sentido de policiar as pesquisas”.
O senhor é espírita?”
“—
Não, não sou espírita. E sendo assim, não acreditava no fenômeno de
materialização, e muitas vezes os criticava, achando mesmo que esses
fenômenos não passavam de fraude. Então, preconcebidamente, entrei nesta
equipe de médicos que pesquisavam esse assunto, desconfiando e
procurando a existência de alguma possível fraude. Observei, então, todo
aquele ambiente, examinei o consultório do colega, onde os trabalhos se
desenvolveram, inclusive ó piso, que era de mosaico, as paredes, o
vedamento dos vidros, os aparelhos existentes. Tivemos p cuidado de
revistar todos os elementos que compunham o grupo. Nenhum entrou de
paletó, não se podia usar objeto algum, a não ser os óculos. Tivemos o
cuidado de fazer a revista mais perfeita possível, e depois verificamos a
posição das máquinas fotográficas e o que havia nelas. Fiz questão de
examinar todos esses detalhes, inclusive as j aulas para colocar os
sensitivos (médiuns), e esses foram algemados, amarrados com correias no
tronco, nas pernas, nos punhos e trancafiados a cadeados. Á porta da
jaula foi lacrada e rubricada por vários colegas. Estou convicto de que
não houve fraudes.”
Outro pesquisador, o médico Elias Barbosa, revela:
—
Uma das medidas que se tomou antes das sessões e durante elas, e que
pude comprovar, foi a seguinte: pediu-se primeiro, a todos que não
usassem perfumes ao entrar na sala; em segundo lugar, houve uma revista
geral dos presentes antes de entrar no recinto, de modo que a
possibilidade de alguém ter entrado com perfume não existiu. E no
entanto, esse perfume impregnou o ambiente, quando apareceram as formas
materializadas”.
“— Que tipo de perfume?”
“—
É difícil definir a qualidade do perfume, que variava conforme as
entidades que. se manifestavam. A Irmã Josefa, por exemplo, se
manifestava envolta por perfume de flores. Alberto Veloso, quando se
materializou, foi sob uma onda de perfume semelhante a éter.”
“— Pode citar alguma prova concreta da aparição desses fenômenos?”
“—
Há uma outra prova: eu dou muito valor às provas fotográficas. Se o
olho humano às vezes erra, a máquina fotográfica não falha, e algumas
fotografias que obtivemos são de ordem a não deixar dúvida nenhuma. Nós
vimos em algumas delas uma figura vestida de branco, a Irmã Josefa,
atravessada pelos varões da jaula em que estavam os médiuns, amarrados,
manietados. E esta figura parece que nunca poderia ser um médium e nem
um assistente, porque essa figura aparecia atravessada pelos varões da
jaula.”
NOVOS HORIZONTES PARA A CIÊNCIA
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Para
essa equipe médica, integrada de dezenove especialistas, fatos da maior
significação científica tiveram lugar nas reuniões Uberaba, abrindo-se,
assim, vasto campo pesquisas para a Medicina e numerosos outros ramos
das ciências. Disseram que, com o conhecimento mais profundo do
ectoplasma (quinto estado da matéria ou estado psicodinâmico, matéria
liberada pelos médiuns de efeitos físicos, sob determinadas condições
físico-químico-biológicas, responsável pelas materializações e demais
fenômenos de efeitos físicos, trará novos horizontes para a Ciência
Médica, inclusive porque determinadas doenças ainda incuráveis, de
etiologia obscura, encontram terapêutica mais eficaz nas aplicações da
matéria ectoplasmática, tudo dependendo das pesquisas que devem ser
feitas doravante. Sobre o assunto, esses mesmos médicos lançarão em
breve, um livro, contendo mais de 120 gravuras com fotos, fotocópias e
desenhos, além do estudo exaustivo dos sensitivos, que foram examinados,
atestados, depoimentos, fichas clínicas, antecedentes, relatórios,
interpretações hipóteses, classificações dos fenômenos contatados e
conclusões finais, livro esse, que exporá os resultados totais de suas
pesquisas, sessenta depoimentos de médicos brasileiros que já fizeram
experimentações no mesmo sentido, “a fim de que os meios científicos do
Brasil e do Mundo possam receber subsídios para um estudo mais
aprofundado dos assuntos, aplicando os conhecimentos que agora se
desdobram, para proporcionar ao homem melhores condições de vida”.
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NOTA DO REPÓRTER
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O
fantástico traz o impacto, e foi sob a ação dele que escrevi essa
reportagem. Ela se alicerça em fotos e informações de médicos que ocupam
cargos da mais alta responsabilidade em Minas Gerais e São Paulo. Não
houve neste texto, do princípio ao fim, nenhuma frase que denunciasse a
opinião do repórter. Esta será expedida em outra ocasião, se me for dada
a oportunidade de presenciar, com os próprios olhos, as pesquisas que a
numerosa equipe médica procede na cidade de Uberaba sobre este fenômeno
que há séculos vem provocando indagações tormentosas e para o qual a
ciência não encontrou explicação: o quinto estado da matéria. Graças ao
inestimável auxílio do médium Ismael Ramos das Neves e da jovem atriz de
televisão Vanda Marlene, pude obter as fotografias sensacionais e os
depoimentos de vários pesquisadores, que tenho comigo, gravados. Para
mostrar o espanto motivado pelo resultado das pesquisas científicas,
basta ouvir três palavras daquela artista da TV Itacolomi que, antes,
jamais acreditou, nos fenômenos de incorporação de espíritos à matéria.
Mas esteve presente a uma das experiências e bisbilhotou com olhos de
repórter toda a preparação que os médiuns e médicos realizavam para
receber a visita do “espírito materializado”.
“—
Quando este surgiu” — confessa ela, agora, — “em meio à penumbra do
ambiente, e conversou comigo, fiquei tão aterrada que não consegui
dominar meus nervos. Convulsionada, chorei. Ao meu lado um dos médicos
pesquisadores também chorava e tremia, violentamente.”
O CRUZEIRO. 18 – 1 – 1964
OUTRA
aparição de espírito incorporado à matéria foi de Alberto Veloso, que
se diz morto há anos, antigo médico do Largo do Machado, no Rio.
Materializava-se vestido à moda oriental, como é visto na foto,
ajoelhado e pés descalços.
AMARRADO E MANIETADO O MÉDIUM EXPELE A MATÉRIA ECTOPLÁSMICA PELA BOCA
AQUI
aparece o médium Antônio Alves Feitosa liberando ectoplasma pela boca,
ladeado pelo médico Dr. Waldo Vieira e médium Francisco Xavier, e, pelas
costas, imóvel, o espírito incorporado da freira Josefa, ou Maria José
Domini.
Em
cima, os médicos Elias Barbosa e José Américo Junqueira de Matos
iniciando, o ato de manietar o sensitivo Walter Santos Rezende com
cadeados e correias.
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O
ESPÍRITO da freira, segundo o depoimento do médium Waldo Vieira, “se
materializava com um buquê de flores, outras vezes não”. Mas o que
invariavelmente aconteceu é que sempre trazia um diadema luminoso e uma
estranha luminosidade à altura do tórax. Envolvida pelo véu, uma espécie
de filó, não se diferencia de qualquer ser vivo, sendo no entanto uma presença suave que esparge perfume de flores.
Link para o download da matéria original:
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