quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Resgate Histórico: Revista O CRUZEIRO de 01/02/1964

Graças à inestimável ajuda de Guilherme Amaral Santos, o blog Obras Psicografadas conseguiu as reportagens originais da revista O CRUZEIRO denunciando a farsa das materializações de Uberaba que envolviam Chico Xavier, Waldo Vieira e Otília Diogo. Guilherme é autor de vários vídeos na internet sobre Chico Xavier, o primeiro deles acessível aqui.
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Neste número de janeiro de 1964, ainda não são feitas as acusações com as provas fotográficas, que só virão na edição de fevereiro. 6 anos depois, toda a farsa será revelada na edição de outubro de 1970 com as provas materiais. Esta última edição será disponibilizada do dia do centenário de nascimento de Chico Xavier, ou seja, 2 de abril. Cada postagem terá ao final um link para que o leitor possa fazer o download da matéria original em maior resolução.

O Cruzeiro (18 de Janeiro de 1964)



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A FREIRA Josefa, ou Maria José Domini, falecida há 17 anos, com véu e crucifixo, é a materialização mais freqüente que aparece nas experiências mediúnicas da cidade mineira de Uberaba. Voz suave, ela conversa com os presentes, espargindo no ambiente perfume de flores. Às vezes, afirmam, chegam a descobrir a face, por alguns momentos.




JÚRI DE MÉDICOS FOTOGRAFA E DOCUMENTA EM UBERABA

FENÔMENOS DE MATERIALIZAÇÃO

                                      REPORTAGEM DE JOSÉ FRANCO

FOTOGRAFIAS DE NEDYR MENDES DA ROCHA E DA EQUIPE MÉDICA
“O Cruzeiro” apresenta o mais completo documentário sobre a “materialização de espíritos”, fenômeno parapsíquico relacionado com a liberação de ectoplasma, denominado “quinto estado da matéria orgânica”, que tem sido exaustivamente pesquisado pela ciência. Os depoimentos e as fotografias desta reportagem são da responsabilidade de uma equipe de médicos, de São Paulo e do Triângulo Mineiro, que assistiu e pesquisou durante três meses numerosas experiências, sob controle, na cidade de Uberaba. As opiniões foram registradas em discos, durante uma entrevista irradiada em programa da TV Itacolomi, em Belo Horizonte, e que reproduzimos, guardando-nos da análise dos fatos narrados.

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AQUI aparecem nove dos dezenove médicos pesquisadores que, desde setembro, vêm realizando experimentações para o estudo das formas ectoplasmáticas na cidade-meca do espiritismo no Brasil, Uberaba. Foram fotografados pelos próprios companheiros, momentos antes de iniciar-se uma reunião, já sem paletó e gravata, conforme instruções da equipe. Nenhum objeto material, a não ser os óculos, é permitido. Tudo para evitar possíveis fraudes, no interior das câmaras experimentais de Uberaba.


NAS CÂMARAS DAS EXPERIÊNCIAS CIENTÍFICAS TOMAM-SE CAUTELAS PARA EVITAR FRAUDES


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OS MÉDICOS Elias Barbosa e José Américo Junqueira de Matos estão atarefados no ato de manietar, com correias e cadeados, numa cadeira, a sensitiva (médium) Otília Diogo, residente no interior paulista, e através da qual se materializa a freira Josefa. Todas as cautelas são rigorosamente obedecidas pelos pesquisadores, para evitar que os sensitivos se locomovam dentro da jaula, onde são colocados, à porta trancada e rubricada pelos participantes.





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POUCO depois desses cuidados, que têm como objetivo evitar qualquer possibilidade de fraudes ou mistificações, já agora a mesma médium Otília Diogo aparece no interior da jaula gradeada, sendo, de fora, fotografada por um dos médicos. Nota-se, com inteira clareza, que de sua cabeça começa a ser expelida a matéria ectoplasmática, uma espécie de nuvem branca, que dentro em pouco vai se transformar em espírito materializado. Imóvel, de cabelos caídos sobre o rosto, a sensitiva permanece em transe.




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O DR. ELIAS BOAINAIM, ladeado pelo Dr. Oswaldo de Castro, mostra perante às câmaras de televisão a foto, que aparece ao lado, da materialização da Irmã Josefa atravessando a jaula.
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NA noite de 29 de novembro, os telespectadores de Belo Horizonte e cidades circunvizinhas foram surpreendidos, quando a TV Itacolomi, através do Programa “Seqüência Atual”, transmitiu impressionante entrevista com uma equipe de médicos de São Paulo e do Triângulo Mineiro que assistiu e pesquisou, do ponto de vista científico, segundo afirmam, fenômenos de materialização de espíritos e efeitos físicos ocorridos, nas últimas semanas, na cidade de Uberaba, em reuniões que contaram com a presença dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Estiveram frente às câmaras oito dos dezenove médicos pesquisadores, os Drs. Elias Barbosa, professor de Farmacologia e Terapêutica Experimental da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, de Uberaba; José Hortêncio de Medeiros Sobrinho, radiologista do Instituto de Cardiologia de São Paulo; Adroaldo Modesto Gil, professor de Psiquiatria e Psicologia Médica da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro; Elias Boainaim, cardiologista do Instituto de Cardiologia de São Paulo; Eurípedes Tahan Vieira, professor de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro; Oswaldo de Castro, cirurgião do Hospital das Clínicas de São Paulo; Gil Perche de Menezes, Diretor do Hospital Psiquiátrico de Araras, São Paulo; e Alberto Calvo, psiquiatra do Instituto de Neuropatas e Psicopatas do Estado de São Paulo.




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A MATERIALIZAÇÃO da irmã Josefa, de mãos postas, deixa o interior da jaula onde está manietada a médium Otília Diogo e começa a atravessar os varões de ferro. A poucos passos, um dos médicos pesquisadores se posta, para colher o flagrante fotográfico, que irá comprovar o que seus olhos acabam de ver.
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Além dos pesquisadores entrevistados, participaram das experimentações em Uberaba, prestando depoimentos e testemunhos, os seguintes médicos: José Américo Junqueira de Matos, Diretor do Hospital Psiquiátrico de Marília, São Paulo; Sebastião de Melo, clínico de Itumblara, Goiás; Ismael Ferreira de Rezende, ginecologista e obstetra da Casa de Saúde e Maternidade Santa Clara, de Uberlândia, Minas Gerais; Milton Skaff, cirurgião da Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, Minas Gerais; Adelror Alves de Gouveia, psiquiatra da Casa de Saúde São Judas Tadeu, de Ituiutaba, Minas Gerais; Cleomar Borges de Oliveira, clínico de Rifânia, São Paulo; Armando Valente do Couto, neuropsi-quiatra do Sanatório Nossa Senhora da Aparecida de Campinas, São Paulo; Flávio Pinheiro, pediatra de Ibitinga, São Paulo; Mário da Silva, clínico de São Paulo; Antônio Ferreira Filho, radiologista de São Paulo; e Waldo Vieira, clínico de Uberaba. Saliente-se que os pesquisadores referidos pertencem a todas as confissões religiosas, obtendo, dessa forma, conclusões imparciais nas pesquisas, isentas de preocupação religiosa ou proselitista, conforme asseguram.

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O FLAGRANTE mostra a materialização da irmã Josefa, ao fundo, recendo, das mãos do dr. Waldo Vieira, e do médium Francisco Cândido Xavier, um livro. Depois a forma materializada troca palavras com os presentes, num diálogo que a todos impressionou vivamente.




DOIS MÉDIUNS, CHICO XAVIER E WALDO VIEIRA, COMANDAM AS EXPERIMENTAÇÕES



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ENTRE as grades da jaula de ferro, a freira, segurando o livro.









Depois, em outro momento (foto ao lado), ela é fotografada ao lado do médium psicógrafo e clínico em Uberaba, Dr. Waldo Vieira. Este diz que tocou no seu braço.

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MEDIDAS DE PRECAUÇÃO
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Participaram das reuniões de Uberaba, como médiuns de efeitos físicos e ectoplasmia, D. Otília Diogo, do interior paulista, e os Srs. Walter Santos Rezende, do Triângulo Mineiro, e Antônio Alves Feitosa, da capital de São Paulo, os quais se submeteram às severas exigências dos pesquisadores, sendo interrogados, examinados, manietados, algemados e presos dentro de uma jaula de aço de duzentos quilos, fechada a cadeados rubricados. Segundo aqueles oito médicos, cujos depoimentos foram gravados, tiveram o maior zelo em tomar todas as medidas de precaução para evitar, nas reuniões de Uberaba, possibilidades de fraudes ou mistificações. Assim — informam eles — vedaram completamente as portas e janelas do recinto, revistaram todos os presentes, de modo a que nenhum participante permanecesse com qualquer objeto de uso pessoal, excetuando óculos, durante as reuniões. Os homens compareceram sem paletó e gravata. Verificaram a inexistência de saídas secretas ou alçapões, constatando-se a impossibilidade normal de entrada ou saída de seres vivos ou de objetos, sem que os pesquisadores presentes percebessem. Além disso, as cadeiras foram numeradas com os nomes indicados e todos os participantes tiveram as costas marcadas com sinais fosforescentes, para estarem continuamente localizados dentro da câmara das experimentações e não se movimentarem sem serem percebidos. Numerosos gravadores e dez máquinas fotográficas foram colocados em todos os ângulos da sala. Revelam os médicos que as máquinas e os filmes fotográficos foram igualmente rubricados e anotados (número, modelo, objetiva, tessar, planar, filme, marca, sensibilidade, tipo, velocidade da máquina, abertura, etc.) para afastar a hipótese de truques fotográficos. Assim todas as possibilidades de fraude foram aparentemente abolidas. Ainda foram utilizados nas comprovações científicas termômetros, barômetros, balanças, condiciona-dores de ar, eletrofones, lanternas, “flashes” eletrônicos, além de dois fumadores que documentaram todos os preparativos anteriores e as medidas posteriores às experiências.

INTUITO CIENTÍFICO
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Afirmam os pesquisadores que levaram a efeito seis experimentações de setembro a novembro do corrente ano “obtendo-se cerca de quatrocentas fotografias de espíritos e objetos materializados”, indicando-se dentro da equipe as funções de cada um dos médicos para se comprovar, minuciosamente, todas as ocorrências, ou seja, escalou-se o dirigente; os inventariantes do material das experimentações; os cinegrafistas; os clínicos e psiquiatras que submeteram os sensitivos (médiuns) aos exames clínicos antes e depois das reuniões (inclusive com eletroencefalogramas); os responsáveis pelas gravações; os encarregados de pesagem de todos os presentes; os executores de rubricas, revistas, lacrações e vedamentos; os relatores dos trabalhos, etc. Digno de nota é que todos os móveis, aparelhos e objetos, inclusive as vestimentas usadas pelos “sujets” (médiuns) foram adquiridos e fornecidos pelos próprios pesquisadores, que fizeram as experimentações no consultório de um deles.
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Asseguram os médicos que “o intuito é científico; nenhuma intenção religosa anima a equipe de pesquisadores”. Somente agora, depois de três meses, na segunda fase das experimentações e atendendo a insistentes pedidos de colegas interessados, é que se resolveu deixar aparecer os resultados obtidos após pesquisas exaustivas e a comprovação unânime da autenticidade dos fenômenos.

OS FENÔMENOS DE MATERIALIZAÇÃO
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Além da materialização de espíritos — “que se apresentaram com véus e desvelados, sob luz vermelha e “flashes” ou no escuro com luz própria” — os médicos declaram que se registraram outros fenômenos, como sejam “levitação de alguns objetos já colocados propositadamente pelos pesquisadores, “raps”, pancadas, palmas etc, além da ligação direta pelos espíritos, da radiola; do ligamento direto da luz elétrica e da dialogação dos espíritos com os médicos através da voz direta”. Houve, ainda, “transporte de objetos, aspersão de perfumes diversos em forma de chuva, ocorrências de luminosidades, sensação táctil e toque nos espíritos materializados”. Entre os espíritos que se manifestaram, destacam-se Alberto Veloso, “que se veste à moda oriental”; Adry, um índio sul-americano; Japi, indiazinha de 7 anos, “que materializou uma gaita (harmônica) tocando-a para os presentes”, e Irmã Josefa, falecida há 17 anos e que se materializou em várias reuniões, ainda de acordo com as informações dos médicos, “tendo oportunidade de conversar longamente com os participantes, além de se deixar fotografar com os presentes e de se deixar tocar por eles”.

ENVOLTO NUM VÉU BRANCO APARECE O ESPÍRITO À MODA ORIENTAL
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Sobre esse fenômeno, revela o clínico e médium Waldo Vieira, conhecido psicógrafo da cidade mineira de Uberaba:

“— Efetivamente, foram constatados quinze fenômenos diversos, sendo mais importante as materializações de duas formas: Uma feminina e outra masculina. A forma masculina é de um colega nosso, Dr. Alberto Veloso, que teve clínica, segundo consta dos seus antecedentes, no Largo do Machado, no Rio. E a outra entidade, uma forma feminina já célebre, pois o seu túmulo está sendo visitado por centenas de pessoas, a da Irmã Josefa ou Maria José Domini, de cujas fotografias do túmulo já dispomos, para publicação no livro resultante das pesquisas e que terá o título de “Materializações — fenômenos de efeitos físicos comprovados por uma equipe médica”. A Irmã Josefa, que se materializa por intermédio da médium Otília Diogo, se manifesta com características que a individualizam de modo categórico. O seu timbre de voz é diferente do da médium, a sua fisionomia também o é. A sua compleição, ou seu biótipo, não se assemelha também com o da médium Otília. Ela tem luz própria, voz própria, e nós tivemos oportunidade de auscultar, de ver e pegar com os nossos dedos na forma materializada”.

“— O senhor tocou no espírito?”

“— Eu toquei na sua mão e tiramos, mesmo, algumas fotos olhando para ela, e aparecemos com ela na fotografia, junto com o Chico Xavier.”

“— Qual a impressão que teve ao tocar no espírito da Freira?”

“— Ela é um ser igual a qualquer outro. Nós pegamos no seu braço esquerdo e na sua mão esquerda. A materializada estava envolvida por um véu, uma espécie de filó, mas aprofundamos o dedo até encostar no seu braço e achamos que é um braço igual a qualquer um nosso, apenas com a temperatura um pouco mais baixa. Disso nós não temos dúvida, porque não é a primeira vez que nós comprovamos fenômenos semelhantes.”

FRAUDE E PERFUME
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Também o cirurgião Oswaldo de Castro, do Hospital das Clínicas de São Paulo, dá a sua opinião. Segundo se afirma, êle compareceu em Uberaba para “desmascarar o embuste”, porque jamais acreditara em materializações. Eis algumas de suas palavras:

“— Antes de tudo, eu devo esclarecer que fui um dos elementos que mais trabalharam no sentido de policiar as pesquisas”.

O senhor é espírita?”

“— Não, não sou espírita. E sendo assim, não acreditava no fenômeno de materialização, e muitas vezes os criticava, achando mesmo que esses fenômenos não passavam de fraude. Então, preconcebidamente, entrei nesta equipe de médicos que pesquisavam esse assunto, desconfiando e procurando a existência de alguma possível fraude. Observei, então, todo aquele ambiente, examinei o consultório do colega, onde os trabalhos se desenvolveram, inclusive ó piso, que era de mosaico, as paredes, o vedamento dos vidros, os aparelhos existentes. Tivemos p cuidado de revistar todos os elementos que compunham o grupo. Nenhum entrou de paletó, não se podia usar objeto algum, a não ser os óculos. Tivemos o cuidado de fazer a revista mais perfeita possível, e depois verificamos a posição das máquinas fotográficas e o que havia nelas. Fiz questão de examinar todos esses detalhes, inclusive as j aulas para colocar os sensitivos (médiuns), e esses foram algemados, amarrados com correias no tronco, nas pernas, nos punhos e trancafiados a cadeados. Á porta da jaula foi lacrada e rubricada por vários colegas. Estou convicto de que não houve fraudes.”

Outro pesquisador, o médico Elias Barbosa, revela:

— Uma das medidas que se tomou antes das sessões e durante elas, e que pude comprovar, foi a seguinte: pediu-se primeiro, a todos que não usassem perfumes ao entrar na sala; em segundo lugar, houve uma revista geral dos presentes antes de entrar no recinto, de modo que a possibilidade de alguém ter entrado com perfume não existiu. E no entanto, esse perfume impregnou o ambiente, quando apareceram as formas materializadas”.

“— Que tipo de perfume?”

“— É difícil definir a qualidade do perfume, que variava conforme as entidades que. se manifestavam. A Irmã Josefa, por exemplo, se manifestava envolta por perfume de flores. Alberto Veloso, quando se materializou, foi sob uma onda de perfume semelhante a éter.”

“— Pode citar alguma prova concreta da aparição desses fenômenos?”

“— Há uma outra prova: eu dou muito valor às provas fotográficas. Se o olho humano às vezes erra, a máquina fotográfica não falha, e algumas fotografias que obtivemos são de ordem a não deixar dúvida nenhuma. Nós vimos em algumas delas uma figura vestida de branco, a Irmã Josefa, atravessada pelos varões da jaula em que estavam os médiuns, amarrados, manietados. E esta figura parece que nunca poderia ser um médium e nem um assistente, porque essa figura aparecia atravessada pelos varões da jaula.”



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MÉDICO não espírita, o Dr. Oswaldo de Castro (à esquerda), cirurgião das Clínicas de São Paulo, ficou impressionado com o que viu, durante as experiências em que tomou parte. Afirma que o fenômeno é autêntico, apesar de jamais ter acreditado que isso pudesse ocorrer.




NOVOS HORIZONTES PARA A CIÊNCIA
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Para essa equipe médica, integrada de dezenove especialistas, fatos da maior significação científica tiveram lugar nas reuniões Uberaba, abrindo-se, assim, vasto campo pesquisas para a Medicina e numerosos outros ramos das ciências. Disseram que, com o conhecimento mais profundo do ectoplasma (quinto estado da matéria ou estado psicodinâmico, matéria liberada pelos médiuns de efeitos físicos, sob determinadas condições físico-químico-biológicas, responsável pelas materializações e demais fenômenos de efeitos físicos, trará novos horizontes para a Ciência Médica, inclusive porque determinadas doenças ainda incuráveis, de etiologia obscura, encontram terapêutica mais eficaz nas aplicações da matéria ectoplasmática, tudo dependendo das pesquisas que devem ser feitas doravante. Sobre o assunto, esses mesmos médicos lançarão em breve, um livro, contendo mais de 120 gravuras com fotos, fotocópias e desenhos, além do estudo exaustivo dos sensitivos, que foram examinados, atestados, depoimentos, fichas clínicas, antecedentes, relatórios, interpretações hipóteses, classificações dos fenômenos contatados e conclusões finais, livro esse, que exporá os resultados totais de suas pesquisas, sessenta depoimentos de médicos brasileiros que já fizeram experimentações no mesmo sentido, “a fim de que os meios científicos do Brasil e do Mundo possam receber subsídios para um estudo mais aprofundado dos assuntos, aplicando os conhecimentos que agora se desdobram, para proporcionar ao homem melhores condições de vida”.
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NOTA DO REPÓRTER
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O fantástico traz o impacto, e foi sob a ação dele que escrevi essa reportagem. Ela se alicerça em fotos e informações de médicos que ocupam cargos da mais alta responsabilidade em Minas Gerais e São Paulo. Não houve neste texto, do princípio ao fim, nenhuma frase que denunciasse a opinião do repórter. Esta será expedida em outra ocasião, se me for dada a oportunidade de presenciar, com os próprios olhos, as pesquisas que a numerosa equipe médica procede na cidade de Uberaba sobre este fenômeno que há séculos vem provocando indagações tormentosas e para o qual a ciência não encontrou explicação: o quinto estado da matéria. Graças ao inestimável auxílio do médium Ismael Ramos das Neves e da jovem atriz de televisão Vanda Marlene, pude obter as fotografias sensacionais e os depoimentos de vários pesquisadores, que tenho comigo, gravados. Para mostrar o espanto motivado pelo resultado das pesquisas científicas, basta ouvir três palavras daquela artista da TV Itacolomi que, antes, jamais acreditou, nos fenômenos de incorporação de espíritos à matéria. Mas esteve presente a uma das experiências e bisbilhotou com olhos de repórter toda a preparação que os médiuns e médicos realizavam para receber a visita do “espírito materializado”.

“— Quando este surgiu” — confessa ela, agora, — “em meio à penumbra do ambiente, e conversou comigo, fiquei tão aterrada que não consegui dominar meus nervos. Convulsionada, chorei. Ao meu lado um dos médicos pesquisadores também chorava e tremia, violentamente.”


O CRUZEIRO. 18 – 1 – 1964


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OUTRA aparição de espírito incorporado à matéria foi de Alberto Veloso, que se diz morto há anos, antigo médico do Largo do Machado, no Rio. Materializava-se vestido à moda oriental, como é visto na foto, ajoelhado e pés descalços.


AMARRADO E MANIETADO O MÉDIUM EXPELE A MATÉRIA ECTOPLÁSMICA PELA BOCA



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AQUI aparece o médium Antônio Alves Feitosa liberando ectoplasma pela boca, ladeado pelo médico Dr. Waldo Vieira e médium Francisco Xavier, e, pelas costas, imóvel, o espírito incorporado da freira Josefa, ou Maria José Domini.








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Em cima, os médicos Elias Barbosa e José Américo Junqueira de Matos iniciando, o ato de manietar o sensitivo Walter Santos Rezende com cadeados e correias.
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O ESPÍRITO da freira, segundo o depoimento do médium Waldo Vieira, “se materializava com um buquê de flores, outras vezes não”. Mas o que invariavelmente aconteceu é que sempre trazia um diadema luminoso e uma estranha luminosidade à altura do tórax. Envolvida pelo véu, uma espécie de filó, não se diferencia de qualquer ser vivo, sendo no entanto uma presença suave que esparge perfume de flores.

                                                                                                       

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