sábado, 19 de janeiro de 2013

Geraldo Lemos Neto em entrevista na Folha Espírita de março de 2012: Allan Kardec e a transição planetária


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O que disse Kardec sobre a transição planetária?
 
A Folha Espírita continua a responder aos leitores, nesta edição,
sobre as matérias difundidas no livro Não Será em 2012,
Chico Xavier Revela a Data-Limite do Velho Mundo.

Desta vez, é Geraldinho Lemos quem responde aos que criticam as revelações de Chico Xavier, feitas em 1986. Nesta entrevista, ele relembra a teoria de Allan Kardec sobre a presciência e reafirma que a revelação de Chico Xavier tem o devido respaldo nos ensinamentos do Codificador. Afirma também que um espírito como o do médium de Emmanuel tem envergadura moral para relatar visões do além, que venham a auxiliar a humanidade a atravessar o pior período de sua história. E o faz com a finalidade de contribuir para que os seres humanos façam a melhor escolha. “Está nas possibilidades dos espíritos prevenir-nos do conjunto, se convier que sejamos avisados. É assim, por exemplo, que, pelo conjunto das circunstâncias, podem os espíritos prever que uma guerra se acha mais ou menos próxima, que é inevitável, sem, contudo, poderem predizer o dia em que começará, nem os incidentes pormenorizados que possam ser modificados pela vontade dos homens.”
 
Folha Espírita – Qual a relação entre a faculdade mediúnica da presciência e a transição planetária?
Geraldinho Lemos – Vemos a relação direta entre uma coisa e outra chancelada nas sagradas escrituras, especialmente em Atos dos Apóstolos, capítulo II, versículos 17 e 18, que repete os dizeres do profeta Joel (II, 28 e 29) lembrando que “nos últimos tempos, diz o Senhor, espalharei do meu espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão; vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos. Nesses dias, espalharei do meu espírito sobre os meus servidores e servidoras e eles profetizarão”.

FE – Então quer dizer que o dom da profecia, ou para nós, espíritas, a mediunidade da presciência é uma ocorrência natural e prevista nas sagradas escrituras para acontecer exatamente no final dos tempos?

Geraldinho – Exatamente. Não há nada de estranho na faculdade de profetizar o futuro, tanto é assim que as sagradas escrituras estão cheias de exemplos dessa natureza e o último livro do Novo Testamento é o Apocalipse de João Evangelista, que vislumbrou o futuro da humanidade por sua faculdade extraordinária de antevê-lo.

FE – Em que ponto da Codificação Espírita podemos encontrar respaldo doutrinário para compreender esse assunto tão palpitante e transcendente?

Geraldinho – Vamos encontrar o codificador Allan Kardec se ocupando do tema exatamente em todo o capítulo XVI do livro A Gênese, no qual ele, baseando-se em suas observações e reflexões sobre os ensinos dos espíritos superiores, elabora a excelente Teoria da Presciência.

FE – Quais os pontos fundamentais da Teoria da Presciência de Allan Kardec?

Geraldinho – Ele diz, por exemplo, no item 3: “Os espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração do tempo não existem para eles. A extensão e a penetração da vista são proporcionadas à depuração e à elevação que alcançaram na hierarquia espiritual.” No item 4 afirma: “Como o homem tem de concorrer para o progresso geral, como certos acontecimentos devem resultar de sua cooperação, pode convir que, em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite se levante uma ponta do véu; mas sempre com um fim útil. Tal missão pode, pois, ser conferida a alguns espíritos bastante adiantados para desempenhá-la.” Mais adiante, no item 8, Kardec escreve: “Tal faculdade é inerente ao estado de espiritualização, ou de desmaterialização. Acontecimentos pertencentes ao futuro podem assim ser preditos”. E no item seguinte, o 9, ainda reforça: “É uma faculdade inerente e proporcionada ao estado de desmaterialização da criatura”.

FE – Muito lógica a colocação de Allan Kardec. A partir dela nós compreendemos de imediato o porquê de Chico Xavier e também do espírito Emmanuel terem tido essa visão de longo prazo. São espíritos já bastante desmaterializados e, portanto, capazes de ver mais além...

Geraldinho – Sem dúvida alguma. Quem em sã consciência poderá questionar a perfeita capacidade espiritual tanto de Chico Xavier quanto de Emmanuel, cuja história de espiritualização transcende à nossa mediocridade terrena? Ambos enquadram-se perfeitamente dentro do conceito elaborado por Kardec na Teoria da Presciência, segundo o qual quanto mais desmaterializado está o espírito, encarnado ou desencarnado, mais capacidade ele tem para vislumbrar o futuro. Quem questionar isso está indo contra a própria Codificação, e o pior, não reconhecendo a espiritualidade manifesta dos dois apóstolos do Cristo em tempos modernos, cujas vidas de renúncia e amor à verdade consoladora e ao bem geral foram um atestado sublime de suas próprias moralidades elevadas.

FE – Segundo Kardec, quando é que essa faculdade se desenvolve?

Geraldinho – No item 6 ele diz: “É assim que em certas ocasiões essa faculdade se desenvolve providencialmente na iminência de perigos, nas grandes calamidades, nas revoluções. Nada, pois, tem de sobrenatural o dom da predição. Ele se funda nas propriedades da alma e na lei das relações do mundo visível com o mundo invisível”. Veja-se que esse trecho de Kardec está em perfeita sintonia com as sagradas escrituras, especialmente nas passagens mencionadas acima do profeta Joel e em Atos dos Apóstolos, em que se afirma que nos últimos tempos a faculdade da profecia seria dada aos servidores do Senhor. Desde o advento do Espiritismo estamos cientes de que entramos numa fase perigosa de transição planetária, ao final da qual a Terra ingressará na comunidade universal dos planetas em regeneração. Esses tempos são os últimos da Terra de expiação e de provas e, por isso mesmo, é natural que sintamos o entrechoque nas vibrações antigas com aquelas que nos convocam ao mundo novo de mais paz, mais justiça e mais amor. Não podemos desconsiderar que vivemos sim na iminência de perigos e grandes calamidades. Daí, naturalmente, Deus permite que seus servidores mais leais e elevados, como sejam Chico Xavier e Emmanuel, venham providencialmente nos avisar desses perigos mais adiante.

FE – Quer dizer então que o nosso destino está definitivamente selado?

Geraldinho – Depende do sentido da pergunta. No sentido do bem maior sim, o nosso destino está selado na certeza de que fatalmente a Terra ingressará no rol dos mundos de regeneração, ascendendo na escala evolutiva. Isso é da ordem divina e nada nem ninguém poderá se interpor aos desígnios do Criador. Agora, o caminho pelo qual nós vamos chegar lá, esse não está selado, porque depende eminentemente de nosso livre-arbítrio individual e coletivo.
 
FE – Kardec enfatizou isso?

Geraldinho – Sem dúvida. Veja no item 14 da mesma Teoria da Presciência o que ele afirma: “Pode, portanto, ser certo o resultado final de um acontecimento, por se achar este nos desígnios de Deus”. O mundo de regeneração está nos desígnios de Deus, assim nos ensinaram os espíritos da Codificação, então para lá rumamos independentemente da nossa vontade. Agora, veja o que Kardec aduz: “Como, porém, quase sempre, os pormenores e o modo de execução se encontram subordinados às circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens, podem ser eventuais as sendas e os meios”. Ora, aí está claramente o papel que nos cabe desempenhar. Cada um de nós, individualmente ou de forma coletiva como nação, está conclamado pelas forças superiores da vida a agir com responsabilidade e decisão, para a construção do mundo melhor de amanhã. Mas se falharmos, se eventualmente por infelicidade moral escolhermos a via da irresponsabilidade ou da vacilação nos caminhos do bem eterno, as sendas e os meios pelos quais a transição planetária se efetuará serão terríveis. É o “a cada um segundo as suas obras” expresso nos evangelhos, não é mesmo?

FE – Então muito lógico contarmos com a bênção do aviso espiritual daqueles que nos avisam dos perigos mais à frente. O que você tem mais a dizer sobre isso?

Geraldinho – Deus não desampara as criaturas, mesmo quando elas falham, não é assim? Allan Kardec, na sequência de seus raciocínios, nos diz no item 14 da Teoria da Presciência no livro A Gênese: “Está nas possibilidades dos espíritos prevenir-nos do conjunto, se convier que sejamos avisados. É assim, por exemplo, que, pelo conjunto das circunstâncias, podem os espíritos prever que uma guerra se acha mais ou menos próxima, que é inevitável, sem, contudo, poderem predizer o dia em que começará, nem os incidentes pormenorizados que possam ser modificados pela vontade dos homens.” E mais adiante, no item 17, completa Allan Kardec: “Avisam-nos das coisas futuras, pessoais ou gerais, quando necessário, na medida da perspicácia de que são dotados, como o fariam conselheiros e amigos. Suas previsões, pois, são como advertências”.

FE – Visto por esse ângulo mais completo das explicações de Kardec, fica clara a possibilidade das previsões a respeito do futuro. Contudo, tenho visto artigos de alguns companheiros dizendo que a Codificação diz que espíritos superiores não marcam datas. O que você pode comentar a respeito?

Geraldinho – Com todo o respeito a esses confrades, parece-me que tiraram frases isoladas sem meditar devidamente na amplitude do conjunto. A Teoria da Presciência elaborada por Allan Kardec no livro A Gênese oferece-nos um farto material de análise e estudos para além das superficialidades. Veja-se, por exemplo, o que o codificador escreve no item 18: “A humanidade contemporânea também conta com seus profetas. Mais de um escritor, poeta, literato, historiador ou filósofo hão traçado, em seus escritos, a marcha futura dos acontecimentos a cuja realização agora assistimos”. O que nós precisamos entender e meditar a respeito é a urgência do tempo que corre contra nós. As revelações de Chico Xavier vêm justamente nos avisar dos perigos, elas vêm nos alertar que o tempo a nosso favor está se esgotando. Quem haverá de duvidar dos últimos tempos do planeta de expiações e de provas? Quem duvida hoje que estamos iniciando os primeiros tempos do mundo de regeneração? Eu fico me perguntando isso, porque confrades que pensam assim e duvidam da transição estão indo de encontro aos próprios postulados da Codificação Espírita. Além disso, por uma questão de reverência e reconhecimento à obra realizada, não nos cabe desconsiderar os avisos de Chico Xavier. Quem mais do que ele, na face da Terra, teria condições de fazê-los? Eu, de minha parte, desconheço alguém mais preparado em espiritualização para tanto!

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Fonte : Jornal Folha Espírita, São Paulo |  # 450 | Março de 2012.

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