O que disse Kardec sobre a transição planetária?
A Folha Espírita continua a responder aos leitores, nesta edição, sobre as matérias difundidas no livro Não Será em 2012, Chico Xavier Revela a Data-Limite do Velho Mundo.
Desta
vez, é Geraldinho Lemos quem responde aos que criticam as revelações de
Chico Xavier, feitas em 1986. Nesta entrevista, ele relembra a teoria
de Allan Kardec sobre a presciência e reafirma que a revelação de Chico
Xavier tem o devido respaldo nos ensinamentos do Codificador. Afirma
também que um espírito como o do médium de Emmanuel tem envergadura
moral para relatar visões do além, que venham a auxiliar a humanidade a
atravessar o pior período de sua história. E o faz com a finalidade de
contribuir para que os seres humanos façam a melhor escolha. “Está nas
possibilidades dos espíritos prevenir-nos do conjunto, se convier que
sejamos avisados. É assim, por exemplo, que, pelo conjunto das
circunstâncias, podem os espíritos prever que uma guerra se acha mais ou
menos próxima, que é inevitável, sem, contudo, poderem predizer o dia
em que começará, nem os incidentes pormenorizados que possam ser
modificados pela vontade dos homens.” Folha Espírita – Qual a relação entre a faculdade mediúnica da presciência e a transição planetária? Geraldinho Lemos
– Vemos a relação direta entre uma coisa e outra chancelada nas
sagradas escrituras, especialmente em Atos dos Apóstolos, capítulo II,
versículos 17 e 18, que repete os dizeres do profeta Joel (II, 28 e 29)
lembrando que “nos últimos tempos, diz o Senhor, espalharei do meu
espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão;
vossos jovens terão visões e vossos velhos terão sonhos. Nesses dias,
espalharei do meu espírito sobre os meus servidores e servidoras e eles
profetizarão”.
FE – Então quer
dizer que o dom da profecia, ou para nós, espíritas, a mediunidade da
presciência é uma ocorrência natural e prevista nas sagradas escrituras
para acontecer exatamente no final dos tempos?
Geraldinho
– Exatamente. Não há nada de estranho na faculdade de profetizar o
futuro, tanto é assim que as sagradas escrituras estão cheias de
exemplos dessa natureza e o último livro do Novo Testamento é o
Apocalipse de João Evangelista, que vislumbrou o futuro da humanidade
por sua faculdade extraordinária de antevê-lo.
FE
– Em que ponto da Codificação Espírita podemos encontrar respaldo
doutrinário para compreender esse assunto tão palpitante e
transcendente?
Geraldinho – Vamos encontrar o codificador Allan Kardec se ocupando do tema exatamente em todo o capítulo XVI do livro A Gênese,
no qual ele, baseando-se em suas observações e reflexões sobre os
ensinos dos espíritos superiores, elabora a excelente Teoria da
Presciência.
FE – Quais os pontos fundamentais da Teoria da Presciência de Allan Kardec?
Geraldinho
– Ele diz, por exemplo, no item 3: “Os espíritos desmaterializados são
como o homem da montanha; o espaço e a duração do tempo não existem para
eles. A extensão e a penetração da vista são proporcionadas à depuração
e à elevação que alcançaram na hierarquia espiritual.” No item 4
afirma: “Como o homem tem de concorrer para o progresso geral, como
certos acontecimentos devem resultar de sua cooperação, pode convir que,
em casos especiais, ele pressinta esses acontecimentos, a fim de lhes
preparar o encaminhamento e de estar pronto a agir, em chegando a
ocasião. Por isso é que Deus, às vezes, permite se levante uma ponta do
véu; mas sempre com um fim útil. Tal missão pode, pois, ser conferida a
alguns espíritos bastante adiantados para desempenhá-la.” Mais adiante,
no item 8, Kardec escreve: “Tal faculdade é inerente ao estado de
espiritualização, ou de desmaterialização. Acontecimentos pertencentes
ao futuro podem assim ser preditos”. E no item seguinte, o 9, ainda
reforça: “É uma faculdade inerente e proporcionada ao estado de
desmaterialização da criatura”.
FE
– Muito lógica a colocação de Allan Kardec. A partir dela nós
compreendemos de imediato o porquê de Chico Xavier e também do espírito
Emmanuel terem tido essa visão de longo prazo. São espíritos já bastante
desmaterializados e, portanto, capazes de ver mais além...
Geraldinho
– Sem dúvida alguma. Quem em sã consciência poderá questionar a
perfeita capacidade espiritual tanto de Chico Xavier quanto de Emmanuel,
cuja história de espiritualização transcende à nossa mediocridade
terrena? Ambos enquadram-se perfeitamente dentro do conceito elaborado
por Kardec na Teoria da Presciência, segundo o qual quanto mais
desmaterializado está o espírito, encarnado ou desencarnado, mais
capacidade ele tem para vislumbrar o futuro. Quem questionar isso está
indo contra a própria Codificação, e o pior, não reconhecendo a
espiritualidade manifesta dos dois apóstolos do Cristo em tempos
modernos, cujas vidas de renúncia e amor à verdade consoladora e ao bem
geral foram um atestado sublime de suas próprias moralidades elevadas.
FE – Segundo Kardec, quando é que essa faculdade se desenvolve?
Geraldinho
– No item 6 ele diz: “É assim que em certas ocasiões essa faculdade se
desenvolve providencialmente na iminência de perigos, nas grandes
calamidades, nas revoluções. Nada, pois, tem de sobrenatural o dom da
predição. Ele se funda nas propriedades da alma e na lei das relações do
mundo visível com o mundo invisível”. Veja-se que esse trecho de Kardec
está em perfeita sintonia com as sagradas escrituras, especialmente nas
passagens mencionadas acima do profeta Joel e em Atos dos Apóstolos, em
que se afirma que nos últimos tempos a faculdade da profecia seria dada
aos servidores do Senhor. Desde o advento do Espiritismo estamos
cientes de que entramos numa fase perigosa de transição planetária, ao
final da qual a Terra ingressará na comunidade universal dos planetas em
regeneração. Esses tempos são os últimos da Terra de expiação e de
provas e, por isso mesmo, é natural que sintamos o entrechoque nas
vibrações antigas com aquelas que nos convocam ao mundo novo de mais
paz, mais justiça e mais amor. Não podemos desconsiderar que vivemos sim
na iminência de perigos e grandes calamidades. Daí, naturalmente, Deus
permite que seus servidores mais leais e elevados, como sejam Chico
Xavier e Emmanuel, venham providencialmente nos avisar desses perigos
mais adiante.
FE – Quer dizer então que o nosso destino está definitivamente selado?
Geraldinho
– Depende do sentido da pergunta. No sentido do bem maior sim, o nosso
destino está selado na certeza de que fatalmente a Terra ingressará no
rol dos mundos de regeneração, ascendendo na escala evolutiva. Isso é da
ordem divina e nada nem ninguém poderá se interpor aos desígnios do
Criador. Agora, o caminho pelo qual nós vamos chegar lá, esse não está
selado, porque depende eminentemente de nosso livre-arbítrio individual e
coletivo. FE – Kardec enfatizou isso?
Geraldinho
– Sem dúvida. Veja no item 14 da mesma Teoria da Presciência o que ele
afirma: “Pode, portanto, ser certo o resultado final de um
acontecimento, por se achar este nos desígnios de Deus”. O mundo de
regeneração está nos desígnios de Deus, assim nos ensinaram os espíritos
da Codificação, então para lá rumamos independentemente da nossa
vontade. Agora, veja o que Kardec aduz: “Como, porém, quase sempre, os
pormenores e o modo de execução se encontram subordinados às
circunstâncias e ao livre-arbítrio dos homens, podem ser eventuais as
sendas e os meios”. Ora, aí está claramente o papel que nos cabe
desempenhar. Cada um de nós, individualmente ou de forma coletiva como
nação, está conclamado pelas forças superiores da vida a agir com
responsabilidade e decisão, para a construção do mundo melhor de amanhã.
Mas se falharmos, se eventualmente por infelicidade moral escolhermos a
via da irresponsabilidade ou da vacilação nos caminhos do bem eterno,
as sendas e os meios pelos quais a transição planetária se efetuará
serão terríveis. É o “a cada um segundo as suas obras” expresso nos
evangelhos, não é mesmo?
FE –
Então muito lógico contarmos com a bênção do aviso espiritual daqueles
que nos avisam dos perigos mais à frente. O que você tem mais a dizer
sobre isso?
Geraldinho
– Deus não desampara as criaturas, mesmo quando elas falham, não é
assim? Allan Kardec, na sequência de seus raciocínios, nos diz no item
14 da Teoria da Presciência no livro A Gênese:
“Está nas possibilidades dos espíritos prevenir-nos do conjunto, se
convier que sejamos avisados. É assim, por exemplo, que, pelo conjunto
das circunstâncias, podem os espíritos prever que uma guerra se acha
mais ou menos próxima, que é inevitável, sem, contudo, poderem predizer o
dia em que começará, nem os incidentes pormenorizados que possam ser
modificados pela vontade dos homens.” E mais adiante, no item 17,
completa Allan Kardec: “Avisam-nos das coisas futuras, pessoais ou
gerais, quando necessário, na medida da perspicácia de que são dotados,
como o fariam conselheiros e amigos. Suas previsões, pois, são como
advertências”.
FE – Visto por
esse ângulo mais completo das explicações de Kardec, fica clara a
possibilidade das previsões a respeito do futuro. Contudo, tenho visto
artigos de alguns companheiros dizendo que a Codificação diz que
espíritos superiores não marcam datas. O que você pode comentar a
respeito?
Geraldinho
– Com todo o respeito a esses confrades, parece-me que tiraram frases
isoladas sem meditar devidamente na amplitude do conjunto. A Teoria da
Presciência elaborada por Allan Kardec no livro A Gênese
oferece-nos um farto material de análise e estudos para além das
superficialidades. Veja-se, por exemplo, o que o codificador escreve no
item 18: “A humanidade contemporânea também conta com seus profetas.
Mais de um escritor, poeta, literato, historiador ou filósofo hão
traçado, em seus escritos, a marcha futura dos acontecimentos a cuja
realização agora assistimos”. O que nós precisamos entender e meditar a
respeito é a urgência do tempo que corre contra nós. As revelações de
Chico Xavier vêm justamente nos avisar dos perigos, elas vêm nos alertar
que o tempo a nosso favor está se esgotando. Quem haverá de duvidar dos
últimos tempos do planeta de expiações e de provas? Quem duvida hoje
que estamos iniciando os primeiros tempos do mundo de regeneração? Eu
fico me perguntando isso, porque confrades que pensam assim e duvidam da
transição estão indo de encontro aos próprios postulados da Codificação
Espírita. Além disso, por uma questão de reverência e reconhecimento à
obra realizada, não nos cabe desconsiderar os avisos de Chico Xavier.
Quem mais do que ele, na face da Terra, teria condições de fazê-los? Eu,
de minha parte, desconheço alguém mais preparado em espiritualização
para tanto!
_________________ Fonte : Jornal Folha Espírita, São Paulo | # 450 | Março de 2012.
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