quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Materializações de Uberaba – Otília, a Mulher Barbada (Fotos Inéditas!)

Acaba de ser lançado pela Editora EME o livro “O Fotógrafo dos Espíritos”, do recém falecido Nedyr Mendes da Rocha. Nedyr foi o fotógrafo oficial das supostas materializações ocorridas em Uberaba, nos anos de 1963 e 1964, envolvendo os nomes de Chico Xavier, Waldo Vieira, e Otília Diogo, médium pega em fraude em 1970. Otília disse que havia perdido sua mediunidade em 1965, quando começou a recorrer à fraude. No entanto, o material que temos para mostrar revela que Otília começou a fraudar muito antes – provavelmente desde sempre. Mais: comprova, ao menos acima da dúvida razoável, que na sessão de 3 de janeiro de 1964 ela se passou pelo espírito de Alberto Veloso.

O livro de Nedyr é rico em fotos inéditas. Uma delas mostra a confraternização entre os repórteres, os médicos e os demais envolvidos que ocorreu após as sessões, comprovando assim que Rizzini mentiu em seu livro “Materializações de Uberaba” ao dizer que os repórteres haviam rasgado a roupa da Otília e os bolsos do Chico. A foto da confraternização é apenas mencionada no livro do Rizzini, não tendo sido publicada.
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Além da prova fotográfica, meu amigo Vital Cruvinel conseguiu o depoimento de Waldo Vieira e de um dos médicos, Elias Barbosa. Ambos afirmaram que jamais tomaram conhecimento de tal fato. Elias Barbosa, infelizmente, faleceu recentemente, mas deixou seu depoimento por escrito. Vital interrogou-o por email. Transcrevo abaixo a pergunta e a resposta:  
O senhor estava presente na ocasião onde Rizzini sustenta que os repórteres violentaram a médium rasgando sua roupa? Se sim, poderia explicar como isto se deu? Em que momento foi?  
Não estava presente quando tal fato poderia ter ocorrido.  
No próprio livro do Rizzini consta o depoimento de Alberto Calvo, um psiquiatra presente às sessões que também afirma não ter presenciado tal episódio. O Nedyr também não faz qualquer referência a tal episódio.
Vamos agora revelar a foto que, embora Nedyr não dê uma data, parece mostrar uma Otília Diogo mais jovem, e a legenda de fato informa que a foto foi batida em Campinas, o que situa a foto em uma época anterior às sessões de 1964 em Uberaba.
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Nedyr afirma tratar-se de um fenômeno de superincorporação, que seria quando o espírito não consegue revestir seu próprio perispírito com ectoplasma e lança mão do perispírito do médium, revestindo-o com aquela matéria orgânica. Daí ocorreria a semelhança do vulto materializado com o médium.  O homem que aparece ao lado do fantasma é Nestor, o pai de Nedyr, falecido em Campinas em 28/10/1977. O próprio Nedyr afirma ter visto tal fenômeno várias vezes.
A explicação mais simples e óbvia é que a entidade nada mais é do que a própria Otília com uma barba postiça.
Mas isso ainda não prova que a Otília fraudou nas sessões de 1964, embora o próprio Waldo Vieira já tenha confirmado a fraude. Felizmente, o Nedyr apresenta uma foto tirada de 3 de janeiro de 1964 que não deixa dúvidas que o “espírito” possui seios. 

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O próprio Nedyr amplia a imagem e confirma a presença dos seios (de um, pelo menos): 

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Nedyr, mais uma vez, atribuiu a presença do seio ao fenômeno da superincorporação. Nedyr seria um ingênuo ou estaria envolvido com a fraude? 
É preciso dizer que o próprio Nedyr se via como médium. Mais, ele trabalhou por muito tempo com Otília em Campinas antes das sessões de Uberaba, ocorridas em final de 1963 e início de 1964. Nedyr não fornece uma data específica de quando encontrou Otília pela 1ª vez, mas disse que ela aparentava 32 anos na ocasião, tendo tal fato ocorrido em Andradas, uma cidade ao Sul de Minas Gerais (págs. 42-44). Como Otília nasceu em 11/02/1927, seria o ano de 1959. Logo depois Otília se mudou para Campinas, convidada pelo próprio pai do Nedyr, Nestor Mendes da Rocha, passando a atuar constantemente nos trabalhos realizados. Em outubro de 1963 foram para Uberaba, realizando sessões lá até 1964. Após as sessões de Uberaba, Otília ainda trabalhou um tempo com Nestor e Nedyr, aparentemente até agosto, depois se mudando para São Paulo. Quando foi pega em fraude em 1970, Nedyr a trouxe para Andradas de novo e nunca mais ouviu falar dela, só quando ela morreu.
Foram pelo menos, portanto, entre 4 e 5 anos de trabalhos ininterruptos (de 1959 a 1964). Será que nesses anos todos Nedyr e seu pai não perceberam que Otília fraudava? Acho pouquíssimo provável, mas fica a dúvida.
            O que não resta dúvida é que as sessões de Uberaba foram uma fraude, como atestam as fotografias tiradas pelos próprios espíritas – não podem agora acusar os repórteres de terem manipulado as fotos!
Só não vê quem não quer.
Para saber mais  
Reportagens publicadas na revista O Cruzeiro:  
18/01/1964: link 
08/02/1964: link  
22/02/1964: link  
29/02/1964: link  
07/03/1964: link  
14/03/1964: link  
21/03/1964: link  
28/03/1964: link  
27/10/1970: link  
Matérias no blog relacionadas:  
1 – Falsa a materialização de Uberaba, redux: link  
2 – Waldo Vieira confirma que não houve materialização: link

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