Acaba de ser lançado pela Editora EME o livro “O Fotógrafo dos Espíritos”,
do recém falecido Nedyr Mendes da Rocha. Nedyr foi o fotógrafo oficial
das supostas materializações ocorridas em Uberaba, nos anos de 1963 e
1964, envolvendo os nomes de Chico Xavier, Waldo Vieira, e Otília Diogo,
médium pega em fraude em 1970. Otília disse que havia perdido sua
mediunidade em 1965, quando começou a recorrer à fraude. No entanto, o
material que temos para mostrar revela que Otília começou a fraudar
muito antes – provavelmente desde sempre. Mais: comprova, ao menos acima
da dúvida razoável, que na sessão de 3 de janeiro de 1964 ela se passou
pelo espírito de Alberto Veloso.
O
livro de Nedyr é rico em fotos inéditas. Uma delas mostra a
confraternização entre os repórteres, os médicos e os demais envolvidos
que ocorreu após as sessões, comprovando assim que Rizzini mentiu em seu
livro “Materializações de Uberaba” ao dizer que os repórteres haviam
rasgado a roupa da Otília e os bolsos do Chico. A foto da
confraternização é apenas mencionada no livro do Rizzini, não tendo sido
publicada.
O
senhor estava presente na ocasião onde Rizzini sustenta que os
repórteres violentaram a médium rasgando sua roupa? Se sim, poderia
explicar como isto se deu? Em que momento foi?
Não estava presente quando tal fato poderia ter ocorrido.
No
próprio livro do Rizzini consta o depoimento de Alberto Calvo, um
psiquiatra presente às sessões que também afirma não ter presenciado tal
episódio. O Nedyr também não faz qualquer referência a tal episódio.
Vamos
agora revelar a foto que, embora Nedyr não dê uma data, parece mostrar
uma Otília Diogo mais jovem, e a legenda de fato informa que a foto foi
batida em Campinas, o que situa a foto em uma época anterior às sessões
de 1964 em Uberaba.
Nedyr afirma tratar-se de um fenômeno de superincorporação,
que seria quando o espírito não consegue revestir seu próprio
perispírito com ectoplasma e lança mão do perispírito do médium,
revestindo-o com aquela matéria orgânica. Daí ocorreria a semelhança do
vulto materializado com o médium. O
homem que aparece ao lado do fantasma é Nestor, o pai de Nedyr,
falecido em Campinas em 28/10/1977. O próprio Nedyr afirma ter visto tal
fenômeno várias vezes.
A explicação mais simples e óbvia é que a entidade nada mais é do que a própria Otília com uma barba postiça.
Mas
isso ainda não prova que a Otília fraudou nas sessões de 1964, embora o
próprio Waldo Vieira já tenha confirmado a fraude. Felizmente, o Nedyr
apresenta uma foto tirada de 3 de janeiro de 1964 que não deixa dúvidas
que o “espírito” possui seios.
O próprio Nedyr amplia a imagem e confirma a presença dos seios (de um, pelo menos):
Nedyr,
mais uma vez, atribuiu a presença do seio ao fenômeno da
superincorporação. Nedyr seria um ingênuo ou estaria envolvido com a
fraude?
É
preciso dizer que o próprio Nedyr se via como médium. Mais, ele
trabalhou por muito tempo com Otília em Campinas antes das sessões de
Uberaba, ocorridas em final de 1963 e início de 1964. Nedyr não fornece
uma data específica de quando encontrou Otília pela 1ª vez, mas disse
que ela aparentava 32 anos na ocasião, tendo tal fato ocorrido em
Andradas, uma cidade ao Sul de Minas Gerais (págs. 42-44). Como Otília
nasceu em 11/02/1927, seria o ano de 1959. Logo depois Otília se mudou
para Campinas, convidada pelo próprio pai do Nedyr, Nestor Mendes da
Rocha, passando a atuar constantemente nos trabalhos realizados. Em
outubro de 1963 foram para Uberaba, realizando sessões lá até 1964. Após
as sessões de Uberaba, Otília ainda trabalhou um tempo com Nestor e
Nedyr, aparentemente até agosto, depois se mudando para São Paulo.
Quando foi pega em fraude em 1970, Nedyr a trouxe para Andradas de novo e
nunca mais ouviu falar dela, só quando ela morreu.
Foram
pelo menos, portanto, entre 4 e 5 anos de trabalhos ininterruptos (de
1959 a 1964). Será que nesses anos todos Nedyr e seu pai não perceberam
que Otília fraudava? Acho pouquíssimo provável, mas fica a dúvida.
O
que não resta dúvida é que as sessões de Uberaba foram uma fraude, como
atestam as fotografias tiradas pelos próprios espíritas – não podem
agora acusar os repórteres de terem manipulado as fotos!
Só não vê quem não quer.
Para saber mais
Reportagens publicadas na revista O Cruzeiro:
18/01/1964: link
08/02/1964: link
22/02/1964: link
29/02/1964: link
07/03/1964: link
14/03/1964: link
21/03/1964: link
28/03/1964: link
27/10/1970: link
Matérias no blog relacionadas:
1 – Falsa a materialização de Uberaba, redux: link
2 – Waldo Vieira confirma que não houve materialização: link
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