A mãe faleceu
quando Francisco tinha apenas cinco anos de idade. Incapaz de criá-los, o
pai distribuiu os nove filhos entre a parentela. Nos dois anos
seguintes, Francisco foi criado pela madrinha e antiga amiga de sua mãe,
Rita de Cássia, que logo se mostrou uma pessoa cruel, vestindo-o de
menina e batendo-lhe diariamente, inicialmente por qualquer pretexto e,
mais tarde, sob a alegação de que o "menino tinha o diabo no corpo".
Não
se contentando em açoitá-lo com uma vara de marmelo, Rita passou a
cravar-lhe garfos de cozinha no ventre, não permitindo que ele os
retirasse, o que ocasionou terríveis sofrimentos ao menino. Os únicos
momentos de paz que tinha consistiam nos diálogos com o espírito de sua
mãe, com quem se comunicava desde os cinco anos de idade . O menino
viu-a após uma prece, junto à sombra de uma bananeira no quintal da
casa. Nesses contatos, o espírito da mãe recomendava-lhe "paciência,
resignação e fé em Jesus".
A madrinha
ainda criava outro filho adotivo, Moacir, que sofria de uma ferida
incurável na perna. Rita decidiu seguir a simpatia de uma benzedeira,
que consistia em fazer uma criança lamber a ferida durante três
sextas-feiras em jejum, sendo a tarefa atribuída ao pequeno Francisco.
Revoltado com a imposição, Francisco conversou novamente com o espírito
da mãe, que o aconselhou a "lamber com paciência". O espírito
explicou-lhe que a simpatia "não é remédio, mas poderia aplacar a ira da
madrinha", esta sim passível de colocar em risco a sua vida. Os
espíritos se encarregariam da cura da ferida. De fato, curada a perna de
Moacir, Rita de Cássia melhorou o tratamento dado a Francisco.
Nenhum comentário:
Postar um comentário