sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Chico Xavier: Orientação para os Católicos


Chico Xavier e o "espirito Emmanuel"
Olá querido leitor. Salve Maria, Mãe do meu Senhor (Lc 1,43).
Antes de tudo, gostaria de deixar claro que este post é destinado para os CATÓLICOS que acompanham o nosso site. Em momento nenhum tenho a intenção de destratar ou achincalhar o espiritismo kardecista. Todavia, reservo-me o direito de informar aos católicos os perigos que existem por trás desta doutrina e o grau de disparidade que há ante a Sã Doutrina, bem como esclarecer certos fatos incorretos e difamatórios que são freqüentemente divulgados de maneira a difamar e  desonrar a Santa Igreja de Cristo.
Francisco Cândido Xavier foi o mais expressivo médium espírita kardecista que houve no Brasil. Muitos consideram seus escritos e prodígios mediúnicos verdadeiros revelações do mundo supranatural.
Não obstante, muitos que professam a fé católica também consideram os livros de Chico Xavier inspiradores e reveladores, espantosamente preferindo ler as suas estórias a ler, por exemplo, a vida e obra dos santos e santas da Igreja. Esta atitude leva muitas vezes o católico a absorver um conhecimento deturpado da realidade, de maneira a subverter sua mente em relação a verdadeira história da Igreja Fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, a mesma a que ele prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam. (Mt. 16,18).
No livro Emmanuel, o senhor Chico Xavier, dentre muitas coisas, pretende relatar casos verídicos relatados pelo espírito Emmanuel sobre a Igreja. Calúnias atrás de calúnias, descreve as mesmas afirmações proferidas por Leão (ou Leon como já me advertiram) Dênis, que por sua vez retirou tais afirmações de autores anticlericais da época da Revolução Francesa e do racionalismo francês. Os trechos a seguir, podem ser comprovados na 4ª edição do Livro Emmanuel. Assim nos diz Chico Xavier sobre as “revelações” ditas pelo “espírito Emmanuel”:
  • A história do papado é a história do desvirtuamento dos princípios do cristianismo, porque, pouco a pouco, o Evangelho quase desapareceu sob suas despóticas inovações. Criaram os pontífices o latim nos rituais, o culto das imagens, a canonização, a confissão auricular, adoração da hóstia, o celibato sacerdotal, noventa por cento das instituições são de origem humaníssima, fora de quaisquer origem divina (p. 30);
  • O Vaticano não soube, porem, senão produzir obras de caráter exclusivamente (sic!) material! (p. 31).
  • Ninguém ignora a fortuna gigantesca que se encerra, sem benefício para ninguém, nos pesados cofres do Vaticano (p. 57).
  • Ele (o “espírito Emmanuel”) sabe que a Igreja “fez mais vítimas que as dez perseguições mais notáveis (p. 56)
  • Ele conhece a imensidade de crimes, perpetrados à sombra dos confessionários penumbrosos (p. 52)
  • Tem notícias do “célebre livro de taxas, do tempo de Leão X, em que todos os preços de perdão para os crimes humanos estão estipulados” (p. 61).
  • Sabe que o dogma da Santíssima Trindade é uma adaptação ocidental da trimurti da antiguidade oriental (p. 30)
Isso tudo foi “revelado” ao senhor Francisco Cândido Xavier pelo “espírito Emmanuel”. Será que essas pseudo-revelações correspondem à realidade dos fatos? Façamos uma pequena análise?

1 – A história do papado é a história do desvirtuamento dos princípios do cristianismo, porque, pouco a pouco, o Evangelho quase desapareceu sob suas despóticas inovações. Criaram os pontífices o latim nos rituais, o culto das imagens, a canonização, a confissão auricular, adoração da hóstia, o celibato sacerdotal, noventa por cento das instituições são de origem humaníssima, fora de quaisquer origem divina (p. 30);
Vamos analisar as “revelações” que o  “espírito Emmanuel” diz que é invenção humana para afastar a Igreja do Evangelho e de seus primórdios:
- Criação do latim nos rituais: Ora, o latim começou a ser introduzido na liturgia e nos escritos da Igreja a partir do século V. Com as invasões bárbaras e a queda de Roma, a língua latina tomou o lugar do grego antigo como a língua de uso universal. Note que os sete primeiros concílios, incluindo ai o Concílio de Jerusalém, descrito nos Atos dos Apóstolos, foram escritos em grego, que era a língua até então mais difundida. São Jerônimo traduziu a Bíblia do grego, hebraico e aramaico para o latim vulgar (vulgata), para poder ser mais bem compreendido por toda a cristandade. É bom lembrar que o Santo Padre não solicitou a ele este serviço, visto que São Jerônimo era um eremita e não um clérigo diocesano. Acredito que os fatos acima demonstram sem sobra de dúvidas que o latim foi incluso na liturgia dos ritos e na documentação dos ensinamentos não para distanciar-nos do Evangelho, mas para aproximar-nos cada vez mais. Se considerarmos que as línguas provenientes ou partícipes do latim são maioria hoje em nosso mundo, no que diz respeito à distribuição territorial, podemos concluir que o “espírito Emmanuel” se equivocou ou mentiu. Quem é o pai da mentira mesmo?
- O culto das imagens: O culto das Imagens é anterior a fundação da Igreja Católica. Na verdade, podemos dizer que as imagens são inerentes a criação humana, visto que somos a imagem e semelhança de Deus (Gn. 1,27;2,7). Podemos também citar exemplos claros de imagens construídas por decreto divino, como a Arca da Aliança (Ex. 25,18-20), A serpente de bronze criada por Moisés (Núm. 21,8-9) e o Templo de Salomão (1Reis 6,23-25 e 7,29). O Novo Testamento nos mostra também imagens representativas da glória de Deus. No Apocalipse, Jesus aparece na Imagem de um Cordeiro que é digno de receber toda força e todo louvor (Ap. 5,12). Vemos também o Espírito Santo descer sobre Cristo na forma de uma pomba (Mt 3,16) e no dia de Pentecostes, o mesmo Santo Espírito desce na cabeça dos Apóstolos e da Virgem Maria na forma de línguas de fogo (At. 2,1-3). Provamos assim que de fato a Igreja inventou o culto as Imagens, mas desde o Antigo Testamento por meio de Deus Pai, Todo Poderoso, ratificado  por Jesus Cristo, Seu Único Filho e Senhor Nosso. Vamos ser compassivos e pensar que o “espírito Emmanuel” esqueceu-se de considerar esse pequeno detalhe.
- A canonização: Olha, essa deve ser sem dúvida alguma a revelação mais importante de todos os tempos. Confesso que não sabia que foram os Papas que criaram a canonização, muitos anos depois de Cristo para afastar a Igreja do Evangelho. Isso é algo que realmente novo e revolucionário, que pode mudar a história do cristianismo e da humanidade como um todo. Precisamos urgentemente avisar a todos os cristãos do mundo, inclusive a São João, que provavelmente deveria estar embriagado quando escreveu no Apocalipse que “… vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão” (Ap. 7,9). Também devemos dizer essa revelação bombástica a Santo Estevão, que devia estar tendo alucinações quando descreveu a visão beatífica: “Eis que vejo, disse ele, os céus abertos e o Filho do Homem, de pé, à direita de Deus.” (At. 7,56). Também precisamos falar que Nossa Senhora que Ela não é Ela na visão de São João em Apocalipse 12,1, afinal, foi a Igreja que inventou a canonização, muito tempo depois que tudo isso aconteceu. Sejamos compassivos mais uma vez. Vamos considerar que o “espírito Emmanuel” estava apenas se referindo a… Deixe ver… Sei lá, algo além da razão.
- A confissão auricular: Provavelmente o “espírito Emmanuel” é um saudosista da época em que as confissões eram públicas, na frente de toda a assembléia, e que o perdão era dado no mínimo um ano depois da confissão. Provavelmente o “espírito Emmanuel” esqueceu-se o porquê da instituição da quarta-feira de cinzas, que era justamente o dia do ano em que os pecadores vestiam-se de sacos, recebiam as cinzas de seu pecado na cabeça e permaneciam em penitência por um ano, sendo privados de participar da parte destinada aos fiéis em plena comunhão com a Igreja. (O equivalente a Liturgia Eucarística na missa de Paulo VI). Humildemente, acho mais cômodo e justo o fiel confessar seus pecados a um padre em privado, num confessionário onde nem você nem o padre podem ver o rosto um do outro com nitidez, receber o perdão dos pecados, e após a penitência, que na maioria dos casos pode ser cumprida integralmente logo em seguida, você pode participar da comunhão do Corpo e do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo. Devemos lembrar que Nosso Senhor Jesus Cristo deu autoridade a São Pedro e seus Sucessores a tomarem as devidas medidas para tornar mais compreensível e digno alguns ritos e fórmulas, de maneira a acompanhar o próprio caminhar da humanidade desde que estas adequações não interfiram na doutrina e nas revelações deixadas por Nosso Senhor (Mt. 16,19), sendo este proceder da Igreja hoje, ontem e será sempre. Portanto, torna-se importantíssimo lembrar que as chaves do céu foram dadas a São Pedro e conseqüentemente aos seus Sucessores e não ao “espírito Emmanuel” e seus intérpretes.
- O celibato sacerdotal: De fato quem criou o celibato sacerdotal foi a Igreja. Foi criado pelo seu Fundador. “Respondeu ele: Nem todos são capazes de compreender o sentido desta palavra, mas somente aqueles a quem foi dado. Porque há eunucos que o são desde o ventre de suas mães (Nasceram sem seus órgãos genitais ou são estéreis), há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens (Homens castrados) e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus (esses são os vocacionados ao Sacerdócio). Quem puder compreender, compreenda. Foram-lhe, então, apresentadas algumas criancinhas para que pusesse as mãos sobre elas e orasse por elas. Os discípulos, porém, as afastavam.” (Mt 19, 11-13). Portanto, é condição preferencial a um sacerdote que seja celibatário, sacrificando assim sua vontade carnal em nome do Reino de Deus. Como bem disse nosso senhor, só pode compreender isso quem realmente tem essa vocação. Portanto, a instituição do celibato é extensível a todos que querem realmente seguir a Nosso Senhor. Note que em toda a história da Igreja, apenas padres recebiam a permissão de casar, e isso até os meandros do século VIII. Não há registros na história da Igreja ninguém que tenha se mantido casado após ser sagrado bispo. Note que os bispos deixavam suas famílias para servir na Vinha do Senhor, como fez São Pedro e São Timóteo. É também de se notar que o celibato não foi uma imposição do Santo Padre, mas apenas uma formalização de uma prática ostensivamente utilizada pelos sacerdotes naquele tempo, sendo o decreto uma forma de tornar oficial uma prática informal. Note que não houve nenhum registro histórico de revolta e manifestações contrárias a instauração oficial do celibato e até hoje, salvo uma meia dúzia de revolucionários, há um consenso geral entre os sacerdotes sobre a necessidade do celibato. Portanto, seu “espírito Emmanuel”, não entendo como algo que já é feito desde o começo da Igreja pode ser algo feito posteriormente para afastar-la dos seus primórdios. Se quiser reclamar com alguém, reclame com o Fundador da Igreja Católica.
- noventa por cento das instituições são de origem humaníssima, fora de quaisquer origem divina: O que dizer então da Missa, dos Sacramentos, da Comunhão dos santos, da Interseção de Nossa Senhora e dos santos, as revelações e milagres dos santos, a compilação da Sagrada Escritura, etc. Substancialmente, “espírito Emmanuel”, isso tudo que compões de fato a Igreja. Tudo fora que está além disso, são formas que a Santa Igreja dispõe para fazer conhecer e usufruir dos sinais supracitados. Se considerarmos os atos em absoluto, de fato tens razão “espírito Emmanuel”. Mas se considerarmos o valor e a finalidade de cada coisa feita pela Igreja, estás muitíssimo equivocado.
2 -  O Vaticano não soube, porem, senão produzir obras de caráter exclusivamente (sic!) material! (p. 31).: É isso ai, a Igreja Católica é fútil mesmo! Ela nunca criou nada que auxiliasse a elevação da alma humana até Deus. Esse negócio de canto gregoriano, orquestra sinfônica, arte sacra, liturgia da Santa Missa e os ritos dos Sacramentos, Estudo metódico, método científico, os cemitério, a arquitetura das Igrejas, os vitrais que contavam as histórias da Bíblia para os analfabetos, nada disso te leva ao conhecimento de Deus. Desculpem o desabafo, mas o que está sendo mais difícil pra mim na confecção deste artigo é manter-me sério ante tanta coisa no mínimo insólita.
3 – Ninguém ignora a fortuna gigantesca que se encerra, sem benefício para ninguém, nos pesados cofres do Vaticano (p. 57). Acho que o “espírito Emmanuel” cometeu um pequeno engano. Há sim alguém que ignora a fortuna gigantesca do Vaticano. O próprio Vaticano! Alguém por favor pode fazer a gentileza de mostrar ao “espírito Emmanuel” este artigo que saiu na Folha de São Paulo: “Vaticano apresenta déficit orçamentário pelo terceiro ano consecutivo”.
4 - Ele (o “espírito Emmanuel”) sabe que a Igreja “fez mais vítimas que as dez perseguições mais notáveis (p. 56): Alguém precisa pedir pro “espírito Emmanuel” parar de ler as historinhas do Voltaire e do Dan Brown. Ou será que ele acredita mesmo que a “impiedosa Igreja” mandou matar quatro milhões de mulheres só na Inglaterra, quando a população de Londres do século XV era de aproximadamente seis milhões de pessoas? Existem ingleses no mundo hoje? Uma leitura que eu indico ao “espírito Emmanuel” é a do Livro Negro do Comunismo, escrito por vários pesquisadores de renome internacional, incluindo o renomado antropólogo Rudolph J. Rummel. Se o “espírito Emmanuel” preferir, pode ver também no site do professor Rummel, clicando neste link, que o comunismo apenas no século XX, comprovadamente matou mais que todas as rebeliões, guerras, revoltas e insurgências entre o século II e o século XIX. Desinformado o “espírito Emmanuel”, não?
5 - Ele conhece a imensidade de crimes, perpetrados à sombra dos confessionários penumbrosos (p. 52): Bem, se conhece tantos assim, que site um. Note que a Igreja é Santa e Imaculada, apesar de ser composta também de pessoas sujeitas ao pecado. É evidente que muitos padres, bispos e até alguns Papas, como Alexandre VI cometeram algumas faltas. Todavia, partindo do pressuposto que o “espírito Emmanuel” é uma entidade de mente elevada, é estranho ver que ele fica se detendo nesse tipo de coisa ao invés de relatar, por exemplo, a glória que foi São Francisco de Assis, São Tomás de Aquino, Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, Santa Terezinha do Menino Jesus, São Gregório Magno, São Luiz Rei de França, Santa Catarina de Senna, Santa Perpétua, Santo Agostinho, Santo Afonso de Ligorio, São Jose Maria Escrivar, São Thomas Moore, São João Maria Vianei, São Pio de Pietrelcina, São Pio X, Papa Leão XIII, Santa Rita de Cássia, Santo Antônio, São Bernardo, São Eleutério e outros. São mais de 26.000 “casos de sucesso” que se opõem a tão poucos casos de insucesso. Mas é evidente que dá muito mais notoriedade falar dos erros, matando assim a confiança das pessoas na Igreja, acusando-a de crimes que muitas vezes não foi ela que cometeu, como os muitos excessos que houveram durante a Idade Média pela população e sem a aprovação da Igreja, como vimos na série de artigos sobre a Inquisição. Acusar os outros, matando os sentimentos bons que se tem para com a Igreja é uma coisa muito feia. Quem é mesmo O Acusador e assassino desde o princípio?
6 - Tem notícias do “célebre livro de taxas, do tempo de Leão X, em que todos os preços de perdão para os crimes humanos estão estipulados” (p. 61): Olha deve ser uma fonte muito privilegiada mesmo. Tão boa que nem mesmo o próprio Leão X soube da existência disso. Disponho do livro Compêndio dos Símbolos, Definições e Declarações de Fé e Moral, publicado dos autores Denzinger e Hünermann, publicado pelas edições Paulinas e Loyola. Este livro com mais de 1400 páginas, contem TODOS os documentos do Santo Magistério com relação à fé e moral ,bem como as citações do Credo. Estudando os documentos de fé e moral promulgados pelo Papa Leão X, não observei nada que fizesse referência ao tal “livro de taxas”. Procurando na internet, pude ver que há alguns sites falando sobre tal Taxa Camarae, promulgada em 1517, com a relação de preços por pecado. Pois bem. Eu vi aqui que os documentos de Leão X estão dispostos da seguinte maneira:
- Bula “Apostollici regiminis” – 1513
- Bula “Inter multiplices” – 1515
- Bula “Pastor aeternus gregem” – 1516 (esta inclusive determina a doutrina das indulgências conforme concebemos nos dias de hoje).
- Bula “Exsurge Domine” – 1520 (Bula de excomunhão de Martinho Lutero).
Não há, portanto, nenhum documento escrito pelo Papa Leão X em 1517 e muito menos qualquer um que contenha as tais taxas. O mais interessante é que a referência que eu encontrei na Internet, que pode ser vista neste link, dá os “preços dos pecados” em libras, moeda corrente do Reino-Unido. Ora, todos sabem que a moeda utilizada na região do Vaticano não eram libras, quando muito poderiam ser Florins. Estranho isso, não? Será que o “espírito Emmanuel” “iluminou” um inglês para escrever tais taxas secretas? É bom lembrar que a Igreja Católico foi banida da Inglaterra até o século XIX, sendo muito hostilizados os católicos que por ventura fossem morar ou visitar a ilha. Bem, sejamos um pouco otimistas. Vai ver que esse livro é Célebre best-seller lá na dimensão do “espírito Emmanuel”, aguardando para ser psicografado e publicado por um dos ficcionistas, ops, médiuns kardecistas.
7 -  Sabe que o dogma da Santíssima Trindade é uma adaptação ocidental da trimurti da antiguidade oriental: O que será que o “espírito Emmanuel” entende por adaptar? No dicionário, o vocábulo “adaptar” significa ajustar, adequar. Bem, você ajusta ou adéqua coisas que tem apenas poucas diferenças entre si. Será que o “espírito Emmanuel” sabe o que a doutrina da Igreja Católica sobre a Santíssima Trindade e o que a doutrina hindu fala sobre a trimurti? Vamos a eles:
- Doutrina sobre a Santíssima Trindade: “A fé católica consiste em venerar um só Deus na trindade, e a trindade na unidade, sem confundir as pessoas, nem separar a substância; pois uma é a pessoa do Pai, outra a do Filho, outra a do Espírito Santo; mas uma é a divindade, igual à glória, coeterna a majestade do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (São Tomás de Aquino, Princípio do Símbolo ‘Quicumque’).
-Visão hindu sobre o trimurti: “Brâman, o Absoluto, é incognoscível pelo homem. Como um ser limitado, o ser humano somente percebe três aspectos de Brahman, que são: Brama, o Criador, Vixnu, o Preservador e Xiva, o Destruidor.”
Note que os conceitos divergem completamente. Enquanto a Santíssima Trindade fala muito bem as Três Pessoas distintas que a compõem possuem a mesma substância, mesma divindade, mesma glória e mesma majestade, ao passo que na trimurti, as divindades são meros aspectos de um único Deus, sendo estes aspectos heterodoxos explícitos. Assim, podemos ver que na visão do “espírito Emmanuel”, os papas tiveram que fazer um esforço grande para criar o “mito da Santíssima Trindade”. O mais engraçado são as abundantes referências sobre ela logo no princípio da Igreja. Vejamos algumas citações dos Santos Padres dos primeiros séculos.
Didaqué (também conhecido como “O Catecismo dos Apóstolos”, possui documentos mais antigos que algumas cartas contidas na Sagrada Escritura): “Quanto ao batismo, procedam assim: depois de ditas todas essas coisas, batizem em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Didaqué 7,1).[2]
São Policarpo em Seu Martírio (Século I):  “A Ele [Jesus Cristo] seja dada a glória com o Pai e o Espírito Santo pelos séculos dos séculos. Amém”.[3]
Pastor de Hermas (Entre os séculos I e II): “O Espírito Santo, que é preexistente, que criou todas as coisas, Deus o fez habitar no corpo de carne que Ele quis. Pois bem. Esta carne em que o Espírito Santo habitou serviu bem ao Espírito, caminhando em santidade e pureza, sem macular absolutamente nada o mesmo Espírito. Como [essa carne] tinha, pois, levado uma conduta excelente e pura, e tomado parte em todo trabalho do Espírito e cooperado com Ele em todo negócio, portando-se sempre forte e valorosamente, Deus a tornou partícipe juntamente com o Espírito Santo. Com efeito, a conduta desta carne agradou a Deus, por não ter se maculado sobre a terra enquanto teve consigo o Espírito Santo. Assim, pois, tomou por conselheiro a seu Filho e os anjos gloriosos para que esta carne, que tinha servido sem reprovação ao Espírito, alcançasse também algum lugar de repouso e não parecesse ter perdido a recompensa pelo seu serviço, porque toda a carne em que habitou o Espírito Santo, se encontrada pura e sem mancha, receberá sua recompensa” (5ª Parábola, 6,5-7).[4]“
Santo Inácio de Antioquia (110 DC): “Inácio, por sobrenome Téoforo [=portador de Deus], à abençoada em grandeza de Deus com plenitude; à predestinada desde antes dos séculos para servir para sempre, para glória duradoura e imutável, glória unida e eleita pela graça da verdadeira Paixão e por vontade de Deus Pai e de Jesus Cristo, nosso Deus; à Igreja digna de toda bem-aventurança, que está em Éfeso, na Ásia, minha cordialíssima saudação em Jesus Cristo e na alegria imaculada” (Epístola aos Efésios 1).[5]
“Existe um médico, no entanto, que é carnal além de espiritual, gerado e não gerado, Deus feito carne, filho de Maria e Filho de Deus, primeiro passível e depois impassível: Jesus Cristo, nosso Senhor” (Epístola aos Efésios 7,2).[6]
“A verdade é que nosso Deus Jesus, o Ungido, foi levado por Maria em seu seio conforme a dispensação de Deus, certamente da descendência de Davi, mas por obra do Espírito Santo. Ele nasceu e foi batizado a fim de purificar a água com a sua Paixão” (Epístola aos Efésios 18,2).[7]
“Inácio, por sobrenome Téoforo [=portador de Deus], à Igreja que alcançou misericórdia na magnificência do Pai Altíssimo e de Jesus Cristo, seu único Filho; à que é amada e é iluminada por vontade Daquele que quis que todas as coisas existissem, segundo a fé e a caridade de Jesus Cristo, nosso Deus” (Epístola aos Romanos 1).[8]
“Permitam que eu seja imitador da Paixão do meu Deus” (Epístola aos Romanos 4,3).
“Eu glorifico a Jesus Cristo, Deus, que é quem os tem feito sábios até tal ponto, pois percebi muito bem de quão mergulhados estais da fé imutável, como se estivésseis pregados, em carne e espírito, na cruz de Jesus Cristo” (Epístola aos Esmirniotas 1,1).[9]

Aristides (Séc. II): “Este teve doze discípulos, os quais, após sua ascensão aos céus, percorreram as províncias do Império e ensinaram a grandeza de Cristo, de modo que um deles percorreu aqui mesmo, pregando a doutrina da verdade, pois conhecem o Deus criador e artífice do universo em seu Filho Unigênito e no Espírito Santo, não adorando nenhum outro Deus além deste” (Apologia 15,2).[11]
Atenágoras de Atenas (Séc. II): “Assim, pois, suficientemente resta demonstrado que não somos ateus, pois admitimos um só Deus incriado e eterno, e invisível, impassível, incompreensível e imenso, apenas pela inteligência compreensível à razão… Quem, portanto, não se surpreenderá de ouvir chamar de ‘ateus’ aqueles que admitem um Deus Pai, um Deus Filho e um Espírito Santo, que demonstram seu poder na unidade e sua distinção na ordem?” (Súplica em Favor dos Cristãos 10).[13]
Bem, acredito que o “espírito Emmanuel” deve mais uma vez estar enganado, pois como pudemos ver com esses pequenos exemplos, a doutrina da Santíssima Trindade é fundamental para a sustentação do Edifício de Fé do Cristão desde os primórdios da Igreja.

Como vimos, muito pouco de verdade há nas “revelações” dos “espírito Emmanuel”. A propaganda ao redor de Chico Xavier de fato obliterou a mente de muitos brasileiros com relação à enxurrada de equívocos e erros substanciais de muitos escritos. Não quero de maneira nenhuma ofender o valor que seus escritos tem para muitas pessoas. Todavia, é obrigação de todo aquele que conhece a Verdade propagar-la, mitigando assim o engano provocado pela mentira e por seu autor mor.
Para os católicos, lembramos que é vedada qualquer simpatia ou participação no espiritismo, pois entende a Igreja que a doutrina espírita, seja ela qual for, é nociva a nossa alma, afastando o homem da Salvação Eterna e das bem-aventuranças no céu.
Ficamos por aqui. Que Deus abençoe a todos! Salve Maria!

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