Isolina tira flores do túmulo, no Cemitério São João Batista, em Uberaba, e as distribui aos romeiros. Ela diz que do busto de bronze minam gotas de água |
Foi a florista Isolina Aparecida Silva, de 64 anos, que chamou a si a responsabilidade de zelar pelo túmulo de Chico Xavier, no Cemitério São João Batista, em Uberaba, quem viu primeiro: uma pequena gota d´água se forma na ponta do polegar de quem toca o lado direito do busto do médium, em bronze, colocado diante do mausoléu. “Não sei por que isso acontece”, diz a mulher que, como todas as pessoas, usa o liquido para fazer o sinal da cruz.
O fenômeno que encanta a florista e os visitantes é mais um a permear a trajetória de Chico Xavier. Os que conviveram com ele têm sempre para contar um episódio sobre intervenções do médium que mudaram a vida das pessoas. A própria Isolina tem sua história com o “Tio Chico”. Ela diz que, na juventude, sofria com uma dor de cabeça ininterrupta. Levada à presença de Chico, ele colocou a mão no local e avisou a ela que, em 60 dias, nem se lembraria do incômodo. No final do prazo, o resultado. “Falei para a minha tia: ‘a dor sarou”.
Nunca mais Isolina deixou de procurar e reverenciar o médium. Na casa simples em que mora, fez de uma pequena mesa um altar. “É aí que eu converso com ele”, revela. A mulher vence flores diante do Cemitério São João Batista há 32 anos e, quando está cuidado do túmulo, que frequenta três vezes por semana, retira flores dos vasos e entrega aos visitantes. E vê um motivo para fazer isso. “Todos os anos eu mandava um buquê de rosas para o Tio Chico. Ele sempre devolvia uma e falava que, um dia, eu saberia por quê. Agora sei. São as flores que dou no túmulo dele”.
O piloto Rubens Alves da Silva ganhou flores de Isolina. De passagem por Uberaba, em 2004, ele visitou o mausoléu para pedir por uma amiga, de Santa Catarina, que sofria de profunda depressão. Ganhou três flores, com recomendações: uma deveria ficar dentro da mala do viajante; outra deveria ser deixada em casa e a terceira ela para enviar a alguém que estava doente e que saberia quem era. No mesmo instante, conta o piloto, a amiga, acompanhada da mãe, caminhava em uma praia e, sem saber da presença dele no cemitério, parou para rezar. Ela está curada, conta ele.
Quando voltou para agradecer, em outra passagem pela cidade, recebeu de Isolina uma tarefa: levar uma margarida artificial e colocar no túmulo de Allan Kardec, em Paris, por vontade de Chico Xavier. Rubens Silva conta que, no Cemitério do Père-Lachaise, não encontrava a sepultura de Kardec e já estava desistindo, quando sentiu um arrepio e avistou, bem próximo, o lugar. A flor foi depositada no túmulo, como mostram as fotos que ele levou para Isolina.
A florista tem apenas um filho, resultado da décima primeira gravidez. Ter perdido todas as outras gestações, para ela, foi uma provação que teve de suportar. Isolina não atribui às intervenções de Chico Xavier o fato de ter conseguido ser mãe, mas o médico Eurípedes Tahan Vieira, de 73, que cuidou do mediu desde que ele chegou a Uberaba, conta que, em um dia de atendimento ao público, havia na fila uma mulher que, como Isolina, estava grávida pela décima primeira vez e nunca tinha dado à luz.
“O Chico, através do espírito do doutor Bezerra de Menezes, deu para ela medicação homeopática e fez uns passes. Eu segui esse caso. O menino nasceu pelas minhas mãos”, recorda o médico. Ele acompanhou também a história de um rico fazendeiro do Mato Grosso que sofria de uma violenta dor de cabeça e já tinha dificuldades para andar. Exames constataram a existência de um tumor na hipófise.
O fazendeiro teve de ser carregado para a fila de atendimento. “Chico pôs a mão na cabeça dele e pediu aos protetores que o auxiliassem. Ele viveu mais 25 anos, sem dor de cabeça, andando normalmente. Para mim, foi um milagre”, conta Eurípedes Tahan. Nessa situação, o médico cometeu uma indiscrição: provou da água que o fazendeiro bebia, por recomendação do médium. “Eu não devia ter experimentado. Pus um pouco na boca e foi travando tudo”, diz ele, explicando que o remédio poderoso não se destinava a ele. “Naquelas filas a gente via de tudo. São tantos casos que é até difícil narrar”, afirma Eurípedes Tahan.
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