Dia é de homenagens em Uberaba. Conheça mais de sua vida e obra
Se estivesse vivo, Chico Xavier estaria completando nesta sexta-feira (02), um século de vida. O médium mais famoso do Brasil, que escolheu Uberaba para viver, morreu em 2002. Foi apontado o mineiro do século e até candidato ao Prêmio Nobel da Paz. Para comemorar os 100 anos de Chico Xavier, muita gente foi ao cemitério São João Batista, onde está enterrado o corpo dele, hoje pela manhã.
Assista aqui ao programa especial sobre Chico Xavier feito pela TV Integração
Bem cedo, por volta das 6h, começaram a chegar ao cemitério as primeiras pessoas para fazer as homenagens a Chico Xavier. O túmulo amanheceu coberto de flores. O ponto alto, no entanto, aconteceu no meio da manhã, com uma prece que reuniu amigos e o filho adotivo de Chico, Eurípedes Higino Reis.
A aposentada Enésia da Silva foi uma das primeiras a chegar ao cemitério. Ela foi agradecer Chico Xavier por uma graça alcançada. Aos poucos, as pessoas chegavam para rezar diante do busto do médium, exposto em frente ao túmulo e prestar homenagens a ele. O aposentado Pedro Garcia, que trabalhou durante 30 anos ao lado do médium, também levantou cedo para distribuir uma lembrança do líder espiritual a todos que se se aproximavam.
O momento mais importante desta manhã foi durante a celebração que marcou o centenário do “mineiro do século”. Admiradores de Chico Xavier se reuniram em torno do túmulo do médium para ouvir as preces feitas pelos seguidores, que lembraram passagens bíblicas e a vida de Chico Xavier.
Muita gente ficou emocionada. A funcionária pública, Carla Vanessa saiu de São João do Paraíso, no Norte de Minas, para ficar mais uma vez próximo do líder espiritual dela. Para Eurípedes, filho adotivo de Chico, o dia não deve ser de tristeza.
Além da prece que foi realizada hoje pela manhã, está prevista mais uma homenagem na parte da noite. Às 18h30, na Casa da Prece, no bairro Parque das Américas, onde Chico trabalhou nos 50 anos em que viveu em Uberaba, está prevista uma outra celebração para relembrar o médium espírita. Neste sábado (03), haverá distribuição gratuita de pães, também na Casa da Prece, a partir das 14h.
A vida de Chico
Um pouco da história do mensageiro do espiritismo e homem caridoso. A vida de Chico Xavier foi baseada principalmente em dois pilares: o desafio de difundir a doutrina espírita e a dedicação às causas sociais, o amor ao próximo.
A casa onde Chico Xavier viveu por 27 anos, em Uberaba, no Triângulo Mineiro, agora é museu. As paredes foram cobertas por fotos. Registros de encontros com admiradores de várias partes do país, muitos deles famosos.
Chico começou a ficar conhecido por psicografar cartas. Os espíritas dizem que é um texto ditado por alguém que já morreu. Muitas mensagens viraram livros. Mais de 400. Ele doou o dinheiro arrecadado com as vendas para instituições de caridade.
Depois de horas debruçado numa mesa psicografando, o médium descansava no quarto. Mesmo com problemas de saúde, era da poltrona que Chico Xavier passava mensagens que serviram de conforto para milhares de pessoas que vieram até aqui. Como Icanusa Bittar. Ela conheceu Chico na década de 80. Disse que foi chamada por ele. “Aqueles momentos que eu ficava ao lado dele ouvindo o que ele ensinava, não tem nada, nada que equivale a isso, valeu eu ter nascido para poder ter sido contemporânea do Chico. Aquele homem que se chama amor”, disse.
E com este amor reunia centenas de pessoas em imensas filas ao redor da Casa da Prece. A história de Chico Xavier, que era filho de uma lavadeira e de um vendedor de loteria, virou filme dirigido por Daniel Filho. O lançamento será nesta sexta-feira (02).
Aos 91 anos o médium foi internado com pneumonia. Uma imagem, feita na época por um cinegrafista da afiliada da TV Globo, em Uberaba, chamou a atenção. Uma luz vai em direção ao quarto do hospital onde estava Chico Xavier. Logo depois, ele se recuperou. Para os espíritas foi um sinal de fé. Para alguns cientistas, uma coincidência porque aquilo seria o reflexo da luz do sol na lente da câmera. Para o filho de Chico, Eurípedes Reis, a luz foi a visita da mãe.
Chico Xavier morreu um ano depois, em casa, no dia 30 junho de 2002. O país comemorava o pentacampeonato da seleção brasileira. O médium costumava dizer que iria desencarnar quando o povo brasileiro estivesse em festa.
As obras de Chico
Em Uberaba a fila se forma uma vez por semana. A distribuição de comida no centro espírita não parou depois da morte de Chico Xavier. A faxineira Juliana Alves diz que continuam ajudando as pessoas porque elas realmente precisam.
O legado de solidariedade de Chico Xavier se multiplicou. Só em Minas Gerais, os seguidores do médium abriram mais de quatro mil centros espíritas, que reúnem voluntários prontos para ajudar.
Nos fins de semana são eles que distribuem pães e arrecadam roupas, que são doadas. De acordo com Alberto Martins, um dos diretores da fundação, é através da assistência fraterna que colocam em prática os ensinamentos de Chico Xavier e da doutrina.
Chico Xavier viu noutro lugar, cercado de uma natureza exuberante, em Ituiutaba, uma oportunidade para crianças e adolescentes. As oficinas ajudam a ocupar o tempo fora do horário escolar. “Quando nós começamos a ter ideia do projeto, nós visitamos Chico Xavier e ele então falou: ‘Minha filha, precisamos ter uma base de ensino que faça com que o jovem pense em Deus”, lembra a coordenadora fundadora e diretora Maria Gertrudes.
Na mesma cidade, o médium desejava que um espaço ajudasse crianças menores de cinco anos em tempo integral. E fez um pedido. Não queria que o lugar se chamasse creche. Virou casa. Um lar para 180 crianças. “Eu acredito que onde o Chico está é um sol de amor que ilumina em todos os lugares onde ele passa. Não acredito que não esteja conosco, só não está em corpo, mas está em espírito”, conclui a coordenadora do lar Espírita Pouso Amanhecer, Márcia de Oliveira Franco.
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